Réveillon em São Paulo tem chuva e tradicional Avenida Paulista vazia
Festa de ano novo do cartão postal da cidade é realizada desde o ano de 1996 e só não foi feita uma vez: em 2001, após atentado terrorista nos Estados Unidos
O olhar desatento pela Avenida Paulista, um dos pontos mais movimentados da cidade de São Paulo, nesta quinta-feira, 31, faria qualquer pessoa pensar que este era apenas mais um dia comum na capital. Com as proibições que envolvem o distanciamento social da população, pela primeira vez em anos a avenida ficou praticamente vazia na data comemorativa. Ao longo da manhã, não foi possível ver a corrida de São Silvestre, adiada pela primeira vez em quase 100 anos. A movimentação de pessoas pelas estações de metrô ou outros meios para acompanhar a festa da virada também não foi registrada pela tarde. Os tradicionais palcos que fazem a festa não foram montados. Tudo por causa do novo coronavírus.
Ainda assim, por precaução, a Polícia Militar reforçou a segurança e apenas observou as poucas pessoas que passavam pelas ruas sozinhas ou em pequenos grupos. A empreendedora Heloísa Ramos, moradora de São Paulo e acostumada com a festa, passeou pelo ponto turístico e estranhou o esvaziamento da rua. “Eu sempre costumava passar o final de ano aqui. Como o meu irmão mora em Santa Catarina e é a primeira vez que ele vem, eu aproveitei a oportunidade para apresentar a avenida para ele. Diferente, com certeza, dos outros anos que se passaram”, afirmou. A dona de casa Mariana Freitas, por sua vez, aproveitou a ausência da festa para o passeio. “Sempre quis passar ano novo na Paulista, mas sem muvuca, sem pessoas. Chegou a minha vez. Nos meus 40 anos eu estou realizando meu sonho de vir aqui, tudo tranquilo, sereno, bem organizado. Assusta um pouco, mas fica mais organizado. Só não fatura o povo”, comentou.
O ano novo da Avenida Paulista costuma reunir mais de um milhão de pessoas anualmente Cerca de 40% do público é de fora da capital e movimenta a economia da cidade. Na virada para 2021, porém, a prefeitura optou por cancelar a queima de fogos e até mesmo shows online após críticas ao pagamento do cachê que seria pago à dupla Maiara e Maraísa: R$ 320 mil. A tradição teve início em 1996, com um projeto de um empresário que planejou uma festa com moldes das realizadas em outras cidades, como Nova York e Paris. Desde então, além de 2020, somente em 2001 não houve festa, por causa do atentado que matou milhares de pessoas nos Estados Unidos no mês de setembro daquele ano. Entretanto, o distanciamento social não foi seguido à risca em outros pontos da cidade. Na região do Bixiga, bem perto da Avenida Paulista, várias festas foram registradas em calçadas com pessoas aglomeradas, assim como na Liberdade, onde bares e estabelecimentos com portas fechadas mantinham festas. Em outras regiões, como no bairro da Penha, na Zona Leste, menos fogos e menos movimentação foi registrada em comparação a outros anos nos quais não havia pandemia no país. A cidade de São Paulo segue na fase vermelha até o dia 3 de janeiro. Neste período, apenas serviços essenciais podem funcionar.
*Com informações do repórter Fernando Martins
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