Salles chama COP-25 de ‘indústria’: ‘Gastação de dinheiro e perda de tempo’

  • Por Jovem Pan
  • 16/12/2019 09h55 - Atualizado em 16/12/2019 10h19
Reprodução/Twitter Ricardo Salles Para o ministro, "protelação" da discussão de assuntos como o mercado de carbono é "proposital"

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a criticar, nesta segunda-feira (16), a 25ª edição da Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-25. De acordo com ele, há uma “indústria” para protelar essas discussões e houve “muito discurso e frases feitas” durante a reunião, mas nenhum avanço em termos ambientais.

“A COP teve muito discurso, muitas frases feitas, mas nenhum avanço no mercado de carbono”, disse, em entrevista ao Jornal da Manhã, acrescentando que o maior objetivo do encontro, que era regulamentar o artigo 6º do Acordo de Paris (sobre o mercado de carbono), não foi concluído. “Os países ricos protelaram a discussão, empurraram com a barriga e não regulamentaram o artigo 6º, então, já que não temos regulamento adequado para que isso aconteça em 2020, já empurramos para a frente.”

“Em atitude evidentemente protecionista, os países ricos não deixaram que a regulamentação do artigo acontecesse. Em meio desse discurso de urgência climática, tem muito ‘blablablá’ e, na hora de colocar a mão no bolso e o dinheiro na mesa [os países desenvolvidos prometeram deixar R$ 10 bilhões À disposição dos créditos de carbono na última reunião], a turma sai rapidinho, andando pelos cantos, faz de conta que não foi com eles”, continuou.

Para o ministro, o evento é uma “gastação de dinheiro e perda de tempo”. “Foram 15 dias discutindo para não chegar em lugar nenhum. O presidente Jair Bolsonaro tomou a decisão correta de não fazer a COP no Brasil, assim como de mandar uma comitiva enxuta para Madri”, afirmou. “Ficamos duas semanas em Madri com a equipe do ministério de Ciência e Tecnologia, da Agricultura, Economia, Itamaraty, toda a nossa equipe lá para fazer acontecer o acordo. Fomos com uma posição pró-negócio, pró-realização desse instrumento. Dezenas de milhares de pessoas correndo para todos os lados discutindo nada, dizendo frases de efeitos e achismos.”

Salles pontuou que os debates precisam continuar acontecendo, mas com “foco e metodologia”. “Muita gente se beneficia dessa protelação e enrolação. Daqui três meses se reúne de novo. É uma indústria em torno desse assunto. Vimos um monte de gente, de estandes, de entidades correndo atrás de dinheiro para manter essa discussão de forma interminável. Parece que a protelação é proposital”, acusou.

Há ‘estratégia’ para falar mal do Brasil

O ministro disse, ainda, que muitas nações querem “dar palpites e pitacos” sobre o que o Brasil faz em termos de políticas ambientais, mas que “ninguém tem moral para apontar o dedo” para o país. Segundo ele, essa visão ruim que o exterior é influenciada pelos próprios brasileiros, que “vão lá fora falar mal do país”.

“Me entristece muito os parlamentares falando mal do Brasil lá fora para fazer média, ser cool [legal, em português] em vez de defender seu país. Foram lá falar mal e fazer uma imagem ruim nossa, em vez de falar a verdade, dizer que o que acontece no Brasil é muito diferente do que pensam. Muitos parlamentares fazem carreira falando mal do Brasil”, afirmou.

De acordo com Salles, existem entidades que dão “dinheiro para ONGS virem falar mal do Brasil. Alguns aceitam por dinheiro, outros por inocência e despreparo, mas se ajustam nessa visão, se unem para falar mal do próprio país. O fato é que não pode ser inocentes úteis os coadjuvantes dessa estratégia”, disse. “Nenhum brasileiro deveria ir lá fora fazer ataques ao país e dizer que não estamos fazendo as coisas bem feitas. Isso é ser, no mínimo, mal brasileiro”, finalizou.

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