Setor privado deve auxiliar o SUS, e não fazer vacinação em paralelo, diz presidente do Einstein

Para Sidney Klajner, clínicas particulares devem receber imunizantes apenas quando não houver escassez na rede pública, o que deve acontecer no segundo semestre

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2021 09h43 - Atualizado em 01/02/2021 12h45
EFE/EPA/TORSTEIN BOE NORWAY OUT Profissional da saúde aplica vacina contra a Covid-19 Sidney Klajner reconheceu que a imunização trouxe mais tranquilidade aos profissionais da saúde, embora, segundo ele, a porcentagem de imunizados ainda seja baixa

Em meio à guerra das vacinas e à escassez de imunizantes contra a Covid-19, empresários, autoridades de saúde e representantes políticos debatem as vantagens de um possível início da imunização na rede privada de saúde. Entre as críticas e defesas, o presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner, entende que cabe à rede privada participar do processo como forma de auxílio ao Sistema Único de Saúde (SUS), não com uma alternativa de vacinação. “Tenho a convicção que o momento atual de escassez deve privilegiar, assim como em todo o mundo, que a população seja vacinada de forma mais rápida na sua totalidade. Só há um meio de fazer isso no país, que é o SUS vacinando. Não vejo ambiente propício nem por parte das clínicas, nem como organizações como a nossa, de comercializar vacinas, o nosso papel tem que ser um papel que auxilie o SUS a fazer o programa de vacinação, participando com logística, capilarização da aplicação, armazenamento e não simplesmente adquirir vacinas para que seja disponibilizada para quem tem possibilidade de compra. Isso é a postura nossa, é a postura do Einstein também, vejo a oportunidade do setor privado participar no auxílio ao SUS e não fazer em paralelo vacinação com quem tem acesso.”

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta segunda-feira, 1º, Klajner explicou que, considerando a “corrida das vacinas”, não há qualquer aceno das farmacêuticas de “vender ao setor privado o que não está conseguindo ser vendido para os governos e para os países”. Para ele, o momento de entrada independente das clínicas na imunização deve acontecer apenas quando não existir uma escassez dos compostos. “Quando tivermos ampla disponibilidade, imaginamos que toda população de alto risco estará vacinada, aí sim podemos dispor [das vacinas] em um cenário futuro. Vejo isso acontecer no segundo semestre, haja vista as grandes pesquisas em andamento e as novas empresas e os novos imunizantes entrando no mercado. Só vejo disponível no setor privado quando não houver falta para o setor público”, pontuou. O presidente do Hospital Albert Einstein se posicionou contrário à possibilidade de empresas comprarem imunizantes para vacinação de funcionários e destinarem parte da aquisição ao SUS. Segundo ele, a proposta iria ampliar as iniquidades do país. “Apesar da boa vontade, isso pode no fim das contas ser mais um dado que quem tem acesso ao setor privado irá passar na frente do SUS, deixando muito o exemplo de iniquidade. Ajuda uma dose pra um ou outra, mas não resolve. Doação da compra de empresas 100% para o SUS aí é algo que possa contribuir, mas nem isso está disponível.”

Ao ser questionado sobre a vacinação de funcionários do Albert Einstein, Sidney Klajner reconheceu que a imunização trouxe mais tranquilidade aos profissionais da saúde, embora, segundo ele, a porcentagem de imunizados ainda seja baixa. “A porcentagem privilegiou atendimento de linha de frente da Covid-19, sejam médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, mas a necessidade de todos os profissionais ainda estamos muito distante de chegar dado a escassez das vacinas. A porcentagem é pequena, mas os que atuam na linha de frente receberam a vacina”, disse. De acordo com o presidente da instituição, o hospital registra, no momento, uma estabilização de pacientes internados pela doença após avanço causado pelas festas de fim de ano. Segundo Klajner, o local não registra esgotamentos de leitos de UTI.

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