Simone Tebet diz que permanece no MDB se ‘ainda encontrar uma identidade no partido’

Senadora afirmou que tomará sua decisão depois de conversar deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), presidente da legenda

  • Por Jovem Pan
  • 10/02/2021 10h37 - Atualizado em 10/02/2021 11h09
FREDERICO BRASIL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 01/02/2021 Senadora Simone Tebet Simone Tebet disputou a presidência do Senado Federal com Rodrigo Pacheco (DEM-MG)

Simone Tebet (MDB-MS) concorreu à presidência do Senado Federal, mas perdeu a disputa para o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) após uma debandada da bancada do partido. A parlamentar, que saiu com candidatura avulsa, afirmou que eleição não foi equilibrada. “Eu não tive cargos externos sendo distribuídos ao meu favor. Não tive emendas extra-orçamentárias sendo distribuídas. No final do ano, foram 3 bilhões de emendas extra-orçamentárias distribuídas para parlamentares. Então, realmente, não foi uma disputa com equilíbrio de forças”, justificou a senadora em entrevista ao Jornal da Manhã. Depois de ser escolhida por unanimidade pelo MDB, a candidata foi preterida por correligionários. Apesar disso, Simone ainda vê sua permanência na legenda como uma possibilidade. “O MDB que eu acredito, o MDB histórico de Ulisses Guimarães, é um MDB que nos momentos de maiores crises sempre foi uma ponte de equilíbrio capaz de abrigar, como o maior partido de centro do Brasil, diferentes correntes ideológicas”, diz. A senadora contou que irá se reunir com o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), presidente nacional do MDB, para entender o papel do MDB no cenário de crise que o país se encontra em decorrência da pandemia do coronavírus. “Se eu ainda encontrar uma identidade no partido, eu permaneço no MDB. Do contrário, obviamente não dá para permanecer em um partido que já não tem a mesma identidade não só ideológica, mas de pensamento, de país.”

Ela afirma que, apesar da derrota, sua postura como senadora não mudou. “Eu tenho um mandato há seis anos e nesses seis anos, independentemente do governo, eu tenho procurado sempre ser uma parlamentar independente na defesa dos interesses do país. Aquilo que eu entendo que é excesso, que não atende aos interesses da população brasileira, terá não só meu voto contra, mas a minha voz contundente. Não foi por outra razão que eu me lancei candidata à Presidência do Senado”, explicou. Para a MDBista, a eleição já passou e o foco deve ser em unir a casa em defesa de dois pontos emergenciais: a vacinação em massa e a volta do auxílio emergencial. “Tão grave quanto a falta de vacina, é a falta de comida na mesa dos brasileiros”, considerou.

Em relação à vacinação no país, Simone fez duras críticas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Ministério da Saúde. Nós tivemos tempo de fazer um diagnóstico, de fazer um planejamento. E é em cima do planejamento que eu discuto e realmente questiono a atuação do Ministério da Saúde. Faltou planejamento e ação do governo federal em relação à vacinação, porque, diferente do mundo, o Brasil tem uma política de imunização invejável. Nós temos mais ou menos 40 mil postos de saúde no Brasil prontos para vacinar. Se nós colocarmos um único profissional da saúde vacinando e aplicando em torno de 50 vacinas por dia, nós passamos, e muito, a média de 300 mil vacinados por dia no país. Nós temos condições de aplicar entre 1 milhão por dia. Se nós temos profissionais e nos temos estrutura, o que está faltando?”, questionou. “Faltou, ao me ver, a gestão do Ministério da Saúde para que pudéssemos ter contratado, anteriormente, os insumos e as vacinas. É essa crítica que eu faço.”

Em relação à Anvisa, a relação entre o Senado e órgão está estremecida desde que a Casa aprovou uma medida que estabelece o prazo de cinco dias para que a agência autorize o uso emergencial de vacinas contra a Covid-19 que já foram aprovados em agências reguladoras de outros países. “Não é de agora que fazemos críticas à Anvisa. E não são críticas pontuais. O próprio presidente da Anvisa questionou o papel do Congresso, do Senado, que aprovou um projeto que hoje está na mão do presidente da República. Se eles têm alguma crítica, que ela seja levada no fórum competente junto ao presidente para que ele possa vetar ou item ou outro. O que não pode é a Anvisa desacreditar o trabalho legítimo do Congresso Nacional”, afirmou. A senadora defendeu a importância da Frente Parlamentar Pela Vacinação contra Covid-19. Segundo ela, a Frente não seria oposição, mas uma forma de agilizar a votação de projetos para agilizar a imunização. “As pessoa não estão só morrendo por conta do coronavírus, as pessoas estão começando a passar fome, porque a falta de vacinação está fazendo com que a economia fique estagnada, com que nós não voltemos ao ritmo do crescimento que estávamos tendo no passado”, apontou.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.