SP deveria impor ‘lockdown completo’ para frear a pandemia, diz Francisco Balestrin

O presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado diz que, considerando a ‘situação dramática’ do sistema de saúde, medidas mais severas devem ser adotadas

  • Por Jovem Pan
  • 27/02/2021 08h52 - Atualizado em 27/02/2021 08h59
EFE/ Raphael Alves Profissional da saúde atua no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil O médico classificou como "dramática" a situação nos hospitais da rede particular do Estado

A alta de internações pela Covid-19 preocupa a rede privada de saúde do país. Com aumento de contaminações pelo coronavírus e suas consequências, hospitais relatam superlotação de unidades de terapia intensiva (UTIs), com 88% de ocupação, e temem colapso generalizado do sistema de saúde. O presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo, Francisco Balestrin, avalia que para conseguir frear a pandemia, o Estado de São Paulo deveria adotar restrição total à circulação de pessoas por, pelo menos, duas semanas. No entanto, ele reconhece que autoridades estaduais e municipais precisam avaliar os impactos da medida em outros setores da sociedade. “Como governador e prefeito, eles têm que pensar em conjunto muito grande, pensar na economia, na realidade social, no relacionamento entre as pessoas, no comércio. Então essas autoridades têm sempre um pensamento mais amplo. Se eu fosse [autoridade estadual] e pudesse pensar única e exclusivamente na saúde, claro que as medidas seriam mais drásticas. São Paulo deveria entrar em lockdown, ou não vamos segurar essa pandemia, por pelo menos duas semanas.”

Francisco Balestrin cita como exemplo de lockdown severo e funcional a adoção de restrições na Itália, um dos primeiros países a registrar casos da Covid-19 na Europa. Segundo ele, as medidas, que possibilitaram o controle das internações e do colapso na saúde, deveriam ser adotadas em outros locais. “A Itália foi o berço da pandemia na Europa, tanto é que o primeiro caso no Brasil foi caso de uma paciente que tinha ido passar férias na Itália. A Itália, que também tem sistema de saúde onde todas pequenas cidades têm serviços públicos de saúde, imediatamente fechou e ficou fechada praticamente um mês. Prefeitos diziam para as pessoas não sair, praias fechadas, as pessoas não podiam se locomover. E isso conseguiu segurar [o avanço do coronavírus] e veja agora o exemplo que temos, a Itália tem 3 vezes o volume de vacinas para completar a vacinação. Foi um processo completo”, disse em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan.

O médico classificou como “dramática” a situação nos hospitais da rede particular do Estado. Segundo ele, há 15 dias, 53% das instituições de saúde apresentavam ocupação aumentada de pacientes. Na pesquisa mais recente, divulgada nesta semana, 91% dos hospitais particulares relataram aumento de internações. “Tivemos um salto de praticamente 35 pontos percentuais em 15 dias, o que significa que nós vamos sofrer uma pressão muito grande pela utilização de leitos de UTI não-Covid e para Covid-19. Se não tiver uma providência, que não seja divina, seja uma providência dos homens, podemos chegar à exaustão dos leitos”, pontua. De acordo com o presidente do sindicato dos hospitais e clínicas privadas, uma possível medida seria intensificar as ações para coibir aglomerações e reforçar a importância do distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras. “Precisamos diminuir o fluxo de pessoas que vão para os hospitais, porque o número de leitos é insuficiente se tivermos avalanches grandes como essa. Como faz para diminuir isso, fazendo com que as pessoas entendam, não adianta pensamento mágico, estávamos vendo jovens absolutamente fora da realidade, não adianta imaginar que a doença vai desaparecer. Ela não desapareceu e até recrudesceu, porque surgiram novas cepas”, disse. Para ele, é indispensável que as pessoas não coloquem em risco a comunidade em geral. “Precisamos perseverar no distanciamento social, fazer sacrifício final para que mais para frente não tenhamos tantos problemas.”

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