Comerciantes de São Paulo pressionam por fim de restrição
Com faixas e cartazes, eles pedem o aumento do horário de funcionamento, incentivos fiscais e moratória de impostos; nas últimas 24 horas, o Estado São Paulo registrou 365 mortes por Covid-19
O desabafo de quem vive num dos setores mais afetados pela pandemia da Covid-19. “Estão tratando a gente como boi de piranha, né? Tem aquele boi que você mata para o restante da boiada passar. Você mata o boi, joga ele no rio e deixa ele de lado. É o que eu estou sentindo, é a sensação. Nós somos os bois de piranha.” O sentimento do dono de dois restaurantes na Zona Leste de São Paulo é o mesmo da maioria dos proprietários e trabalhadores que se reuniram em frente ao Masp, na Avenida Paulista, para protestar contra as restrições impostas ao ramo gastronômico. Com faixas e cartazes, eles pedem o aumento do horário de funcionamento, incentivos fiscais e moratória de impostos como o IPTU e recuo na alíquota do ICMS. Os agentes do setor reivindicam ainda carência para o pagamento de dívidas e acesso a linhas de crédito que não tem chegado a ponta. Desde o início da pandemia, em março de 2020, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) já calcula que 10 mil estabelecimentos fecharam as portas somente na capital paulista. Em todo o Brasil, já houve a perda de 84 mil postos de trabalho. O presidente da ANR, Cristiano Melles, diz que os empresários não poderão suportar este cenário por mais tempo. “Com os estabelecimentos fechados, sem lucro em janeiro, é o pior mês do setor na história. O setor não aguenta mais essa situação.”
O empresário Rodrigo Alves decidiu, mesmo com a proibição, abrir sua casa como sinal de protesto. “Eu abri no final de semana por um protesto depois que vi o prefeito no jogo no Maracanã.” A situação, que já está complicada, segundo presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Paulo Solmucci, é agravada com as incertezas. “O que é pior é que aqui não conseguimos saber como vamos funcionar. Uma hora fecha, outra hora é sábado e domingo. Essa incerteza nos impede de trabalhar ainda que pouco.” As casas de shows sofrem em dobro: as contas não param de chegar. É o que diz Edgard Radesca, proprietário de uma delas há 27 anos no bairro de Moema, na zona sul da cidade. “Do lado música é ainda pior. Eu não posso fazer delivery. As pessoas vão lá para assistir uma música boa enquanto aproveitam a gastronomia. Esse é um composto.” O governo de São Paulo poderá recuar e suspender endurecimento da quarentena aos finais de semana e no período noturno. Nas últimas 24 horas, o Estado de São Paulo registrou 365 mortes, maior número no ano, totalizando 53.455 óbitos e 1.794.019 casos confirmados.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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