‘Tenho minhas diferenças com o presidente, mas não faço oposição ao governo’, diz Major Olímpio

Candidato à presidência do Senado defende a mudança do regimento interno da Casa; sobre a ruptura com Bolsonaro, Olímpio afirma que é algo pessoal, e que não vai confundir as coisas se for eleito

  • Por Jovem Pan
  • 08/10/2020 09h44 - Atualizado em 08/10/2020 09h45
Roque de Sá/Agência Senado Major Olimpio discursa na tribuna do Senado Major Olímpio é candidato à presidência do Senado

Diante das manobras que podem levar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, a disputar a reeleição, o senador Major Olímpio se colocou à disposição para presidir a Casa. Em entrevista à Jovem Pan, Olímpio afirma que sua candidatura não é uma forma de protesto. Segundo ele, a escolha de Alcolumbre para a presidência do Senado veio de uma campanha para impedir que Renan Calheiros ocupasse o cargo, mas que o atual presidente não cumpriu o que se esperava dele. “Na últimas eleições, eu era candidato, o Álvaro Dias também, a Simone Tebet também. Quando fomos ao plenário, nós pensamos que, se fôssemos todos candidatos, o Renan ganharia. Então, naquele momento, nós fizemos um compromisso com o Davi, e avaliamos que ele tinha as melhores condições para fazermos a transformação que o Senado precisa e a população exige. Infelizmente, isso não aconteceu.”

Major Olímpio ainda criticou a forma como um processo de impeachment é conduzido. “Nós temos 70 anos da existência da lei do impeachment no Brasil. Nunca iniciou-se um processo de impeachment de ministro do Supremo, ou de procurador-geral da República, porque fica numa decisão monocrática. Não estou dizendo que vou abrir todos os processos de impeachment caso seja presidente, mas a decisão deve ser do plenário, e não de uma pessoa, para que o plenário seja soberano nas decisões do país”, afirma o senador. Mudar o regimento interno da Casa é a prioridade de Olímpio.

O senador enxerga o Senado como um “puxadinho” do Palácio do Planalto. “Eu vejo coisas que são fundamentais, pautas da segurança pública, que ficaram só na campanha e foram esquecidas.” Sobre a ruptura com o presidente Jair Bolsonaro, Major Olímpio diz que a questão foi pessoal, e que isso não pode ser confundido. “Eu não faço oposição ao governo, eu tenho minhas diferenças com o presidente porque ele queria que eu tirasse minha assinatura da CPI da Lava Toga, num ‘acordaço’ para proteger o filho. Eu não tenho acordo com isso e não vou ter nunca, mas o respeito institucional do Senado, isso não tem a menor dúvida de que eu faria cumprir.”

Quanto à sua postura em relação a Bolsonaro, ele disse que será “absolutamente republicano”, mas que respeito não é subserviência. “Respeito a PGR, a presidência, o STF, mas sem abrir mão de uma vírgula da competência institucional do Senado. Não dá para ficar subserviente, nós temos que alterar o posicionamento, para que as medidas provisórias não fiquem quase o período todo delas, quase 120 dias na Câmara dos Deputados, e só enviarem ao Senado no último dia, para servirmos apenas como uma mesa carimbadora. Nós vamos ter respeito aos programas de governo, à figura do presidente, mas não será um ‘puxadinho'”, completa Olímpio.

 

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