Terceirização ameaça atendimento do Emílio Ribas, dizem funcionários
Profissionais de saúde do instituto protestaram nesta quinta-feira, 27, pela contratação via concurso e contra a precarização
O maior centro de estudo de infectologia do país é o Instituto Emílio Ribas. Ao longo dos mais de 100 anos de história o hospital segue referência no tratamento de doenças infeccionas e teve papel de destaque no combate a várias epidemias, sobretudo a Covid-19. Além do atendimento, o instituto forma profissionais através da residência em infectologia. No entanto, o hospital, que atende pelo SUS, tem passado por sérios problemas. No início do ano, médicos residentes e enfermeiros protestaram contra a falta de profissionais e pediram a abertura de um concurso público, o que não acontecia desde 2015. Depois de muita pressão, o concurso foi aberto, realizado e homologado. No entanto, os 89 profissionais já nomeados ainda não tomaram posse. Por isso, trabalhadores do instituto realizaram uma manifestação nesta quinta-feira, 27. Na porta do hospital, os profissionais ocuparam a primeira faixa da Avenida Dr. Arnaldo. Os manifestantes também questionam terceirização total do instituto. Atualmente, apenas algumas áreas são terceirizadas.
Em entrevista à Jovem Pan News, o presidente da associação de médicos do Emílio Ribas, Éder Gatti, questiona qual o intuito de uma eventual terceirização: “O Estado pagou por esse concurso público de médicos, bancou isso, temos profissionais selecionados e que já escolheram vaga, é só chamar para trabalhar. Mas agora, no final do governo, eles anunciam uma terceirização do pronto-socorro, da UTI e das enfermarias em caráter emergencial. Sendo que tem profissional escolhido já para trabalhar”. A gestão estadual diz que o processo está na Casa Civil e aguarda apenas a chancela do governador. Para os profissionais, a precarização traria precariedade na qualificação dos profissionais, que atualmente entram no instituto através de concurso e de prova de residência. “A gente sabe que nesse processo de terceirização emergencial há alta rotatividade de profissionais na ponta. Os profissionais muitas vezes não têm a formação adequada para trabalhar em um serviço como esse e a qualidade da assistência cai. Então, fica a pergunta: A quem interessa essa terceirização?”, declarou Gatti.
O hospital está em reforma há 8 anos e, desde então, o espaço e as equipes foram reduzidos. Agora, com a possibilidade de reinauguração e ampliação de leitos, os profissionais temem não dar conta de toda a demanda. “Passaram dois governos inteiros e não deram conta de terminar uma obra. Gastaram mais de R$ 200 milhões nesse processo dessa obra que está incompleta. Vai ficar para o próximo governo terminar essa obra. Por conta da obra e da falta de profissionais têm leitos fechados. E agora a solução é o que? Entregar para a iniciativa privada e para entidades de direito privado”. Nos protestos, os profissionais também alegam excesso de carga de trabalho e falta de preceptores. Por meio de nota, o instituto disse que o Governo do Estado de São Paulo autorizou a realização de concursos públicos e está em andamento a contratação de 206 profissionais, entre médicos, técnicos e enfermeiros. O texto dia ainda que a Secretaria de Estado da Saúde continuará assegurando serviços, estruturas e recursos humanos para garantir a assistência à população.
*Com informações da repórter Camila Yunes
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