‘Sistema de saúde só não foi comprometido porque a vacinação protegeu’, diz Gorinchteyn

Secretário de Saúde alertou para o aumento de internações por Covid-19 no Estado; como consequência da imunização, hospitalizações estão concentradas em enfermaria

  • Por Jovem Pan
  • 17/01/2022 10h45 - Atualizado em 17/01/2022 11h03
MISTER SHADOW/ASI/ESTADÃO CONTEÚDO O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, falando ao microfone durante coletiva de imprensa Secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, concedeu entrevista ao Jornal da Manhã

O Secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, alertou nesta segunda-feira, 17, para o aumento de internações por Covid-19 no Estado em decorrência da disseminação da variante Ômicron. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o secretário apontou que o cenário vivenciado agora é diferente do enfrentado na primeira e segunda onda da pandemia no Brasil. Agora, as internações estão concentradas na ala de enfermaria. “Hoje nós temos dados que merecem atenção uma vez que tivemos um incremento significativo desses números nas últimas duas semanas para cá, especialmente na última semana. Nas enfermarias, tivemos um aumento de 200% nas internações. Chegamos a ter, nas últimas duas semanas, 100% de elevação do número de casos das UTI, sendo 50% da última semana para cá. Hoje atingimos o número de 7.100 internados, o mesmo número que tivemos em agosto e setembro de 2021”, disse Gorinchteyn.

Segundo o secretário, dos 7.100 pacientes, 4.700 estão nas enfermarias. “Ou seja, muito diferente do que vimos no pico da segunda onda, onde tivemos, só em UTI, 13.15o pessoas hospitalizadas em um total de 30 mil internados. “Pesquisas preliminares apontam que o perfil dos internados no Estado é concentrado em pessoas que não se vacinaram contra a doença ou que não completaram o seu esquema vacinal. “Nós pedimos uma avaliação mais pormenorizada para vários hospitais públicos tanto da região metropolitana quanto do interior para que nós possamos identificar qual é a idade dessas pessoas, se tomaram ou não vacinas. Mas nós temos um dado preliminar do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Essa primeira análise mostra que são principalmente pessoas idosas, acima de 60 anos, e que ou não tomaram a vacina ou que não fizeram seu esquema vacinal completo e, dessa maneira, estavam parcialmente protegidas”, detalhou Gorinchteyn.

Sobre o número de casos, o secretário explica que eles são subnotificados. Isso porque o Estado computa apenas casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. “Esses dados de pessoas acometidas pela forma leve não são computados em número de casos. A gente só computa o número de casos das SRAG, esses que vão para os hospitais. Portanto, nós temos seguramente muitos casos acontecendo. Só não tivemos comprometimento ainda maior do nosso sistema de saúde porque a vacinação realmente protegeu e se fez valor para a proteção da casos graves e mortes”, enfatizou o secretário, que comemorou o aumento de pessoas que voltaram aos postos em busca da segunda dose e reforço. “Nós tivemos na última semana aumento de 30% das pessoas querendo fazer atualização da vacinação”, celebrou.

Variante Ômicron mostra necessidade da vacinação do público infantil

O Estado de São Paulo iniciou a vacinação contra a Covid-19 de crianças de 5 a 11 anos na última sexta-feira, 14. O secretário Jean Gorinchteyn enfatizou a necessidade de imunização do público infantil contra a doença, já que a nova cepa parece desenvolver mais sintomas nesse grupo. “As crianças são grandes portadoras da Ômicron e, diferente do que vimos nas outras cepas, elas desenvolvem sintomas. Então nós temos, para proteger essas crianças de formas graves e fatais, bem como conter a circulação do vírus, vacinar esse grupo etário”, recomendou o secretário. O plano inicial do governo era vacinar os menores de 12 anos em três semanas, mas a falta de doses pode estender a imunização do grupo de risco até 10 de fevereiro.

“Hoje nós temos um quantitativo muito baixo de vacinas da Pfizer. Nós temos 4,3 milhões de crianças de 5 a 11 anos para vacinar e recebemos só 234 mil na última semana. Receberemos mais 260 mil hoje. Só para população vulnerável (crianças com comorbidades, imunossuprimidos, indígenas e quilombolas) é preciso 850 mil. Se continuarmos com esse pinga-pinga, só vamos conseguir imunizar essa população de risco até 10 de fevereiro”, estimou. A expectativa da gestão estadual é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) libere o uso emergencial da vacina do Butantan para crianças de 3 a 11 anos entre esta segunda e a terça-feira, 18, o que deve agilizar o andamento da campanha.

Confira a entrevista na íntegra:

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