Bolsonaro não prega responsabilidade fiscal e ideias liberais com convicção, avalia deputado
De acordo com Tiago Mitraud, o presidente foi convencido do assunto por Paulo Guedes e outros conselheiros
O deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG) descreveu a possibilidade do governo furar o teto de gastos como “muito preocupante”. De acordo com ele, a volatilidade das opiniões do presidente mostra que Jair Bolsonaro não é alguém que prega responsabilidade fiscal e as ideias liberais com convicção. “Ele foi convencido pelo Paulo Guedes e outros liberais durante a campanha. Isso fica claro quando vemos a opinião dele mudar de forma tão repentina em direção opostas. Não estamos tranquilos.”
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Tiago reforçou que o Congresso precisaria aprovar uma nova emenda para que isso acontecesse — e muitos parlamentares de ambas as casas são contrários à flexibilização, apesar de outros enxergarem nessa possibilidade uma abertura para conseguir mais recursos para suas bases. “Precisamos colocar esse assunto à tona para que o presidente enxergue que não há espaço para seguir esse caminho”, disse.
Segundo Mitraud, os parlamentares estão atentos e um número significativo se preocupa com a responsabilidade fiscal. “Muitos falam disso abertamente e que têm receio que o furo no teto abra uma porteira sem volta em tão pouco tempo. Enquanto os presidentes das casas, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, tiverem uma postura contrária, acho que temos uma tranquilidade de que isso não vai prosperar. Eles tem o poder de decidir o que entra ou não em pauta.” Para o deputado, é importante mostrar apoio aos conselheiros do presidente que são contra estourar o limite de gastos.
Tiago Mitraud ressaltou que se há algo positivo na saída de Salim Mattar e Paulo Uebel, é que o assunto das reformas voltaram à tona com muita força. “Isso pode criar um novo ambiente. Temos um Congresso reformista e que é muito favorável, mais de 300 deputados querem que a reforma administrativa avance. Não sei se isso acontece ainda neste ano, porque já estamos em agosto e no meio de uma pandemia. Mas se o governo enviar o projeto, teremos espaço para isso já em 2021.”
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