Tido como ‘criminoso em série’, anestesista que estuprou gestante é hostilizado no presídio

Giovanni Bezerra está isolado em Bangu 8, na zona oeste do Rio de Janeiro; cadeia é reservada para presos que possuem graduação em nível superior de ensino

  • Por Jovem Pan
  • 14/07/2022 11h56
Reprodução/Jovem Pan News Giovanni-Quintella-Bezerra-anestesista-estupro-rio-de-janeiro Giovanni Quintella Bezerra, anestesista que foi indiciado por estupro de vulnerável e vai ser denunciado pelo Ministério Público à Justiça

O anestesista Giovanni Bezerra, preso em flagrante após estuprar uma mulher durante uma cirurgia cesariana, foi hostilizado pelos outros presos do presídio Bangu 8, no Complexo de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. O médico chegou na unidade prisional na última terça-feira, 12, quando houve protesto de outros detentos no local contra a chegada do estuprador. O anestesista foi xingado, e os presos bateram nas grades com objetos, em sinal de protesto pela presença de Giovanni. Bangu 8 é um presídio voltado especificamente para presos que possuem graduação em nível superior de ensino. O homem está em isolamento na unidade.

Preso em flagrante último domingo, 10, no Hospital da Mulher de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, Giovanni Bezerra está sendo apontado pela polícia como um criminoso em série, que sempre agia da mesma forma para abusar de grávidas dentro do bloco cirúrgico. Ele usava remédios além do necessário, não para sedar, mas para dopar as mulheres no momento de cirurgias cesarianas. Em um segundo vídeo mais recente obtido pela polícia, o médico aparece de costas, muito perto da cabeça de outra gestante na sala de cirurgia e fica cerca de 10 minutos na mesma posição, quase imóvel, mas, ao final, ele faz gestos de higiene pessoal, para se limpar. O jeito de agir levantou suspeita da equipe de saúde, que decidiu gravar a atuação do anestesista em outro procedimento com uma grávida – justamente o vídeo que favoreceu a prisão em flagrante de Giovanni Bezerra.

A vítima que aparece no vídeo que fez o anestesista ser preso conversou por telefone na última quarta-feira, 13, com a delegada responsável pelo caso, Barbara Lomba, e tomou conhecimento dos fatos. O marido dela deve prestar depoimento presencial à polícia ainda nesta semana. A prisão em flagrante de Giovanni Bezerra foi convertida pela justiça em preventiva, sem prazo final, e ele está sendo indiciado, até o momento, pelo crime de estupro de vulnerável, que tem pena de oito a 15 anos de reclusão. Mas a ele podem ser imputados outros crimes, como exagero do exercício da profissão e violência obstétrica.

O registro de Giovanni Bezerra do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro foi suspenso temporariamente. O presidente do Cremerj, Clovis Munhoz, disse que o anestesista pode ter o registro cassado diante da gravidade dos vídeos e da violência sexual. “Cumprindo a promessa que fizemos em nome da presidência, da diretoria e dos conselheiros, faremos chegar ao final do julgamento do processo ético-profissional no menor tempo possível”, disse Munhoz.

*Com informações do repórter Rodrigo Viga

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