Transição de poder nos EUA gera expectativas quanto à nova direção na diplomacia internacional

Entre os pontos-chave em que um posicionamento de Biden é aguardado estão diversos temas relacionados à Europa

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 09/11/2020 07h04 - Atualizado em 09/11/2020 12h37
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EEFE/ David Odisho - 08/11/20 Na Europa, a questão crucial é o retorno dos Estados Unidos para o acordo climático de Paris -- prometido por Biden

O início da transição de poder nos Estados Unidos vai dar sinais importantes sobre a nova direção na diplomacia internacional. Praticamente todos os líderes relevantes do mundo já parabenizaram Joe Biden pela vitória — faltando o cumprimento de China e Rússia. O Brasil também não se manifestou oficialmente até agora, mas no quesito diplomacia o país deixou de ser relevante há muito tempo.

Entre os pontos-chave em que um posicionamento de Biden é aguardado estão diversos temas relacionados à Europa, como por exemplo as sanções impostas ao Irã depois que os Estados Unidos se retiraram do acordo firmado em 2015. Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia ainda acreditam no texto como forma para conter o enriquecimento de urânio em território persa — mas os embargos impostos por Donald Trump praticamente inviabilizaram a saída diplomática para o assunto.

Biden ainda não deixou claro o que pretende fazer. O Irã tem eleições no ano que vem e uma normalização da relação pode favorecer os reformistas do país. A Turquia, por sua vez, já emitiu alertas para que Biden não se meta com os curdos sírios e o grupo YPG, que para os democratas americanos são indispensáveis na luta contra o Estado Islâmico. Para Recep Erdogan, no entanto, são apenas terroristas que devem ser expulsos de seu território.

A lista de interessados diretos na nova direção diplomática americana é extensa. Na Europa, a questão crucial é o retorno dos Estados Unidos para o acordo climático de Paris — prometido por Biden durante a campanha. Uma retomada do multilateralismo também é aguardada, embora seja improvável um rompimento mais brusco com as práticas protecionistas implementadas por Donald Trump.

Até porque elas ainda têm apoio forte em quase metade da população americana, como mostram os resultados da votação. Depois de entrar em uma guerra comercial virtual com os Estados Unidos, a União Europeia agora suspira aliviada com o resultado da eleição. A parceria transatlântica, que é indispensável para o continente, deve voltar a ter alguma chance de previsibilidade.

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