Um terço dos fetos contaminados pelo zika vírus durante gestação apresenta sequelas, diz pesquisa

Estudo inédito publicado na The Lancet aponta que 4% dos casos corresponde a microcefalia de bebês

  • Por Jovem Pan
  • 02/02/2023 07h42 - Atualizado em 02/02/2023 11h19
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Banco de imagens/Pexels Gestante Gestantes precisam de maior proteção contra o zika vírus, já que sequelas nos fetos podem ser irreversíveis

Um novo estudo mostrou de forma mais abrangente as sequelas do zika vírus nos bebês de gestantes que contraíram a doença durante a gravidez. A pesquisa foi publicada na revista The Lancet Regional Health – Americas. 1.548 gestantes participaram do levantamento. O estudo chegou à conclusão de que quase um terço dos filhos de gestantes que contraíram a doença apresenta alguma anormalidade como consequência da infecção, sendo que 4% manifestam a microcefalia. Para os adultos, a zika é menos letal do que a dengue e a febre amarela, por exemplo. As três são transmitidas pelo mesmo mosquito, Aedes Aegypti. No entanto, para os fetos, a contaminação ainda na fase da gestação é considerada grave, já que as sequelas podem ser irreversíveis, como explica o infectologista e pediatra Renato Kfouri. “Através da placenta, o zika faz alterações, especialmente no sistema nervoso do feto, causando o nascimento de bebês muitas vezes com atrofia do seu desenvolvimento cerebral, com redução do volume do cérebro e a chamada microcefalia, que é o achado clínico mais comum dessas crianças”.

Assim como a dengue, a zika é uma doença sazonal. Ou seja, que tem maior proliferação em determinadas épocas. No Brasil, o aumento de casos ocorre no verão, por ser a estação mais chuvosa. Por isso, é extremamente importante o cuidado redobrado neste período. Principalmente com gestantes. O uso de repelente para esse grupo e também para pessoas imunossuprimidas é um fator a mais de proteção. Mas, além dessa barreira, são necessários cuidados básicos, como lembra Kfouri: “Temos que reforçar as medidas de prevenção, evitar acúmulo de água parada, nos pneus, nos pratos de chuva, nas poças d’água, não só dentro de casa, mas em toda a coletividade. É serviço de cada cidadão, mas também é função do Estado”. A pesquisa reforça a necessidade de aprofundar os estudos sobre a zika e suas sequelas em fetos, como também ampliar as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença.

*Com informações do repórter Camila Yunes

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