Vacinação em clínicas pode aliviar rede pública, dizem especialistas

Ministério da Saúde já teve conversas com o setor; nada foi definido

  • Por Jovem Pan
  • 04/01/2021 07h55 - Atualizado em 04/01/2021 07h58
EFE/EPA/Bagus Indahono/Archivo Profissional da saúde aplica vacina em paciente Grupos que não são contemplados pelos planos estadual e federal conseguem ter acesso às doses, apesar de pagas

O setor da saúde defende a compra de vacinas contra a Covid-19 por instituições privadas para ajudar a reduzir a demanda no sistema público. Na prática, qualquer hospital ou clínica particular pode adquirir um imunizante desde que esteja aprovado pela Anvisa. As operadoras de plano de saúde, por exemplo, ofereceriam as doses aos segurados — assim como empresas aos funcionários. O infectologista e professor da Universidade Federal da Bahia, Gúbio Soares Campos, destaca que o processo aliviaria o SUS.

“Se uma empresa privada decidir comprar a vacina da Pfizer, ela tem que solicitar que a Anvisa libere o uso no Brasil. Isso seria até o ideal, porque aplicariam em quem pode pagar e diminuiria a carga do próprio governo. Existe uma parcela da população que pode por vacinas.” Gúbio Soares acrescenta que, quanto mais rápida a imunização, mais se economiza em internações hospitalares. No Brasil, instituições privadas já compram e oferecem vacinas e um dos exemplos é a da gripe. Grupos que não são contemplados pelos planos estadual e federal conseguem ter acesso às doses, apesar de pagas.

O diretor Executivo do Instituto Questão de Ciência, Paulo Almeida, avalia que a imunização na área privada vai depender da disponibilidade. “Ainda que haja essas doses excedentes deve se considerar que boa parte das empresas já manifestaram interesse em encaminhar preferencialmente para o governo para vacinar as pessoas com mais necessidades. É muito incerto o ambiente por conta de fatores regulamentares e econoômicos.” Paulo Almeida reitera que a vacinação pela área privada depende do registro definitivo do produto pela Anvisa. O Ministério da Saúde já teve conversas com o setor. Por enquanto, nada foi definido.

A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas negocia a compra de 5 milhões de doses da vacina do laboratório indiano Bharat Biotech. O imunizante, chamado de Covaxin teve o uso emergencial aprovado na Índia, mas ainda depende do aval da Anvisa para ser aplicado no Brasil. Uma comitiva de empresários brasileiros embarca hoje para o país asiático. Segundo a associação, em um cenário otimista, a vacina indiana deve estar disponível no setor privado na segunda quinzena de março.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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