Vital para o Planalto, disputa na Câmara pode definir volta do ‘voto impresso’
Elegendo aliados, Bolsonaro pretende que Congresso paute ‘agenda de costumes’
Um dos principais objetivos do presidente Jair Bolsonaro em eleger aliados para a Presidência da Câmara e Senado é, com isso, emplacar pautas de interesse dele que foram deixadas de lado por Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. Dentre os temas que compõem essa agenda de costumes estão propostas que visam a criação de uma espécie de comprovante de votação — o voto impresso. A medida já foi aprovada pelo Congresso em 2015 e considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal por, na visão da maioria, esbarrar no direito ao sigilo do voto.
O entendimento é que eleitores poderiam ser pressionados a votar em determinados candidatos e o comprovante faria com que fossem cobrados por isso. Além disso, a Justiça Eleitoral alega que apenas a instalação de uma impressora nas urnas geraria um custo de cerca de R$ 2 bi ao Estado. Como não há qualquer indicio de fraude no sistema eletrônico de votação, no entendimento do STF não há razão para autorizar esse gasto bilionário. O presidente Jair Bolsonaro afirma que, sem o voto impresso, o Brasil pode enfrentar, em 2022, uma situação ainda pior do que a vivida nos EUA na última semana.
Por isso, Bolsonaro quer que os próximos presidentes da Câmara e do Senado tratem as propostas sobre o tema como prioridade. A questão é que, para não esbarrar no STF, o Congresso precisa alterar a Constituição e deixar claro que o comprovante não interfere no direito ao sigilo do voto. E é justamente o que propõe a PEC 132, já aprovada pela Comissão de Justiça da Câmara. O texto de autoria da deputada Bia Kicis, uma das principais aliadas de Jair Bolsonaro no parlamento, torna obrigatória a expedição de cédulas físicas.
Elas seriam conferidas pelo eleitor e depositadas de forma automática — e sem contato manual — em urnas indevassáveis para fins de auditoria. Essa é uma das primeiras matéria que o presidente da República espera ver ser discutida no plenário caso consiga eleger um aliado para a Presidência da Casa. É bom lembrar, no entanto, que as urnas eletrônicas já são auditadas antes, durante e depois do processo de votação por uma série de entidades como o Ministério Público, a OAB e os próprios partidos políticos.
*Com informações do repórter Antônio Maldonado
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