Em entrevista ao programa Morning Show, da Jovem Pan, nesta segunda-feira, 8, o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho defendeu a anulação do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva devido a uma suposta “parcialidade” do juiz durante o processo. A temática voltou ao centro do debate político após uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que retirou o sigilo de conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol a pedido da defesa de Lula. Segundo os advogados do ex-presidente, as mensagens – que foram incluídas no processo do tríplex do Guarujá, de 2018, revelam perseguição política a Lula. O Supremo deve decidir nesta terça-feira, 9, manter ou anular o acesso da defesa do ex-presidente às conversas. “Com certeza, a liberação do acesso às mensagens para os advogados do ex-presidente Lula é correta porque serão utilizadas pela defesa em recursos de Lula e de outros réus ou investigados na Operação Lava Jato. O que me incomoda é a publicidade destas conversas, não consigo entender, do ponto de vista técnico, a importância de divulgá-las para a sociedade, de torná-las públicas”, disse o advogado criminalista.
Nas mensagens, que vieram à tona a partir da invasão de hackers a celulares de autoridades, o ex-juiz Sergio Moro orienta o procurador Dallagnol sobre o processo de Lula. Para Augusto de Arruda Botelho, a conversa entre Moro e Dallagnol não configura necessariamente um problema, mas a troca de mensagens sugerindo decisões sim. “Uma coisa é haver uma conversa entre os procuradores e juízes, mas combinar estratégias, antecipar e sentenças e sugerir provas é outra coisa completamente diferente. Também converso com juízes porque tenho amigos na área, mas não dialogamos sobre nossos processos. Obviamente Moro e Deltan podem ter amizade, mas não podem combinar decisões judiciais”. O advogado ressalta que a anulação do julgamento não descarta as acusações contra o ex-presidente.
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