Sérgio Guizé fala sobre a dificuldade em se livrar do "peso" de Gael: "muita meditação"

  • Por Jovem Pan
  • 12/06/2018 11h46
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Jovem Pan Ator esteve no programa para falar de seu novo filme, "Além do Homem"

Nos primeiros capítulos de O Outro Lado do Paraíso, última novela das 21h da TV Globo, Gael, vivido por Sergio Guizé, estuprou e agrediu a mulher com quem havia acabado de se casar. Ali os espectadores já perceberam que o personagem seria um dos grandes destaques dramáticos no decorrer da trama. E de fato foi. Acontece que, quando o trabalho exige tamanha entrega, o ator sente a exaustão (e o drama) na pele.

“Eu gravava 11 horas por dia, 6 vezes por semana. Com um personagem pesado, às vezes você sai do trabalho e as pessoas falam: ‘olha lá o Gael, não vai bater em mim, hein’. Foi com essa energia que tive que trabalhar. Vivi isso por um ano. Mas não ia fazer de qualquer jeito, então mergulhei mesmo. Chegava em casa e estudava 15 ou 20 cenas para o outro dia. Uma energia tão pesada que atinge tantas pessoas demora para sair. Foi muita meditação para eu poder me livrar”, disse em entrevista ao Morning Show nesta terça-feira (12).

Embora a novela tenha batido bons pontos de audiência na época, parte dos espectadores criticou a maneira com que temas controversos, incluindo o de agressão às mulheres do núcleo de Guizé, foram tratados. Afinal de contas, esperava-se que, como acontece em grande parte das tramas televisivas, o “vilão” fosse morrer. Mas ele não concorda. A “redenção” do personagem, segundo suas palavras, foi mais simbólica que um possível “castigo”.

“Eu fui contratado para discutir esse assunto. Estava fazendo um filme há dois anos e me chamaram para esse assunto delicado. Para colocar o dedo na ferida. Me perguntaram: ‘topa esse desafio depois do Candinho’? Eu disse claro”, afirmou, fazendo referência ao personagem leve e humorístico que fez em Êta Mundo Bom!.

“E as primeiras cenas já rodaram na América Latina. Teve uma função social muito grande, as mulheres denunciaram mais. Eu estava preparado para o personagem morrer. Só que tínhamos falado no início com os autores para marcar que justiça não é vingança. Íamos trabalhar amor e redenção, não ódio. Eu eu quis tentar pelo menos o perdão. Falavam que eu tinha que morrer, falavam mal até da minha mãe no começo. Então fui colocando amor com a mesma força e consegui chegar vivo até o final da novela. Castigando ninguém aprende nada. Na sociedade, parece que não existe lugar para perdão. O Gael pagou pelo crime, tem direito de viver em sociedade”, completou.

Novo filme com Débora Nascimento

O filme que o ator citou é Além do Homem, longa-metragem de estreia do diretor Willy Biondani que chega aos cinemas no próximo dia 28 de junho. Guizé interpreta Alberto Luppo, escritor brasileiro que mora em Paris há anos e não deseja retornar ao país de origem. De acordo com a sinopse, no entanto, quando um antropólogo francês desaparece no interior do Brasil, ele é obrigado a retornar à terra natal para transformar a história em livro. Durante a viagem, entre medo e encantamento, se entrega ao destino e, guiado por Bethânia (Débora Nascimento), descobre em tudo o que desprezava, a beleza de sua própria identidade.

“Esse filme é diferente. Usamos muitas referências, 100 Anos de Solidão, realismo fantástico. Chamamos na pré-estreia de ‘agênero’. Não tem. Comédia? Drama existencial? Não tem. Essa é a grande vantagem. O importante é misturar tudo”, contou. “Na história, o Alberto vai buscar a felicidade fora. Ele acha que para poder ser feliz deveria ser aceito dentro da sociedade elitizada que ele considerava ser melhor. Mas, quando recebe a missão do livro, entende que só vai conseguir depois que falar sobre a própria vida, a própria terra. Então volta ao Brasil e vai perdendo a casca. Ele quer ser parisiense, mas o trabalho só vai ser interessante quando for ele mesmo. O filme fala de um resgate de identidade nacional”.

Confira aqui o trailer:

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