Ana Paula: Calheiros e Aziz precisarão ser criativos para negar fatos que derrubam narrativas na CPI
Perguntas feitas por senadores da oposição no segundo dia de depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello foram debatidas no programa ‘Os Pingos Nos Is’
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello voltou nesta quinta-feira, 20, à CPI da Covid-19 no Senado. Em suas declarações, o general culpou o governo do Amazonas e a empresa White Martins pela falta de oxigênio na cidade de Manaus. Ele também negou que tivesse passado mal na quarta-feira. O senador Eduardo Braga (MDB), um dos que questionou Pazuello nesta quinta, insistiu sobre a crise de oxigênio em Manaus e afirmou que “todos os envolvidos com a saúde pública deveriam saber que ia faltar oxigênio”. Em resposta, Pazuello disse que ficou claro para ele que a Secretaria de Saúde do Amazonas não tinha como foco a preocupação com o oxigênio “A empresa White Martins, que é a grande fornecedora, associada também à produção da Carbox, que é uma empresa menor, já vinha consumindo a sua reserva estratégica e não fez essa posição de uma forma clara”, esclareceu. Na conversa com o ministro, o senador Marcos Rogério (Dem) exibiu vídeos do começo de 2020 mostrando os governadores João Doria, Flávio Dino e Renan Filho defendendo a cloroquina. Durante a exibição, o senador foi interpelado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania), que lembrou que a ciência muda ao longo do tempo e que os vídeos mostrados têm mais de um ano.
A comentarista do programa “Os Pingos Nos Is” da Jovem Pan, Ana Paula Henkel, afirmou que, mesmo assistindo à sessão inteira desta quinta-feira, fez mais anotações sobre o teor das perguntas feitas pelos senadores – que estariam interessados em falas mais curtas por parte do ex-ministro – do que sobre as respostas dadas pelo general. “Ontem, por exemplo, ficou muito claro que o ex-ministro Pazuello falou demais. Para quem estava esperando que ele sentaria com o habeas corpus do Supremo Tribunal Federal e ficaria em silêncio, ontem ele falou demais e começou a ser questionado, inclusive, porque tudo o que ele falava, os argumentos que ele apresentava ali, não colaboravam com o relatório que todo mundo sabe que já está pronto”, afirmou. Ana Paula lembrou do depoimento dado por Simone Tebet (MDB), que sequer fez perguntas para Pazuello; considerou que a leitura por parte do senador Alessandro Vieira, que fez uma análise que compara um oficial nazista ao ministro, “um desrespeito sem tamanho”; e apontou uma série de desconexões nas falas de outros senadores para mostrar que a CPI é uma espécie de jogo de cartas marcadas. “O relatório do relator Renan Calheiros e do presidente Omar Aziz vai ter que usar de uma criatividade muito grande para negar esses fatos que vêm derrubando a narrativa da oposição”, afirmou.
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