Ana Paula: CPI deve perguntar a governadores o porquê de lockdowns eternos sem embasamento

Questionamentos feitos por senadores ao presidente da Anvisa nesta terça-feira, 11, foram debatidos no programa ‘Os Pingos Nos Is’

  • Por Jovem Pan
  • 11/05/2021 19h55 - Atualizado em 11/05/2021 20h19
Jefferson Rudy/Agência Senado CPI da Covid-19 CPI da Covid-19 foi instalada na última terça-feira, 27, e tem como relator o senador Renan Calheiros

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) declarou nesta terça-feira, 11, que foi contra a proposta de mudança da bula da cloroquina discutida durante reunião no Palácio do Planalto. Em depoimento à CPI da Covid-19 no Senado, Antônio Barra Torres afirmou que a orientação teria como objetivo incluir a indicação do medicamento para o tratamento precoce contra os efeitos do novo coronavírus. O presidente da Anvisa negou ter conversado sobre o assunto com Jair Bolsonaro e afirmou que discorda do uso do remédio. “Foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi o que provocou uma reação, eu confesso, até um pouco deseducada, deselegante, minha. A minha reação foi muito imediata, eu disse: ‘Olha, isso não tem cabimento, isso não pode’, e a reunião inclusive nem durou muito mais depois disso. Então, até o momento, as informações vão contra a possibilidade do uso na Covid-19.” Questionado sobre o posicionamento dele em relação ao tratamento precoce da doença, Barra Torres respondeu que “o tratamento não contempla essa medicação”, e sim “a testagem e o diagnóstico precoce e a observação de todos esses sintomas que a pessoa pode ter”.

Perguntado sobre críticas de Bolsonaro a vacinas, o presidente da agência evitou polêmicas e disse rejeitar qualquer discurso contra os imunizantes. Barra Torres reiterou que a Anvisa é um órgão técnico que não aceita interferências políticas e afirmou que se arrepende de condutas que teve durante uma manifestação em favor de Bolsonaro em Brasília no fim de 2020. “A conduta do presidente difere da minha nesse sentido. As manifestações que faço têm sido todas no sentido do que a ciência determina. Eu estive no Palácio do Planalto em conversa particular com o presidente naquele dia. Havia sim uma manifestação na área em frente ao Palácio do Planalto, e quando cheguei o presidente jogou-se para a proximidade dos seus apoiadores, o que é comum, o presidente tem essa interação com o público. É óbvio que em termos da imagem que isso passa eu hoje tenho plena ciência de que se pensasse mais cinco minutos não teria feito. Da minha parte eu digo que foi um momento em que não refleti na questão da imagem negativa que isso passaria, e certamente depois disso nunca mais houve esse tipo de comportamento meu”, afirmou.

Para a comentarista do programa “Os Pingos Nos Is”, da Jovem Pan, Ana Paula Henkel, mais uma vez os brasileiros ficam “de boca aberta” tentando entender por que mais um interrogatório da CPI é comandado por Renan Calheiros. “Nosso Brasil, nesse sentido, é um quadro de Salvador Dali. É surreal o que a gente está vendo”. Ela afirmou, porém, que o propósito e o objetivo do relatório, que teria como intuito prejudicar o governo federal, “não ganhou muita munição” com as falas técnicas do diretor da Anvisa. “A gente tem que dar graças a Deus que a Anvisa continua um órgão técnico e sem ter laços políticos com esse, com qualquer outro presidente ou com qualquer ministro do Supremo”. Para Ana Paula, a comissão é usada como uma arma política e um campo para alimentar manchetes eleitoreiras, e perguntas importantes sobre a pandemia ainda não foram feitas. “Onde estão as perguntas em relação às vacinas? Porque até agora a gente só escuta ‘cloroquina’, ‘tratamento precoce’, ‘ivermectina’ e ‘azitromicina’, o kit covid que nem existe. A gente não vê perguntas sobre as vacinas, sobre por que a CoronaVac por exemplo não é aceita nos Estados Unidos, não é aceita em muitos países da União Europeia, como os brasileiros vão fazer em relação a viagens internacionais onde a CoronaVac não é aceita… Espero que essas perguntas aconteçam no decorrer dessa CPI. Perguntas sobre os governadores, vamos ver até onde eles serão intimados para sentar ali e dar essas explicações sobre os lockdowns eternos sem embasamento científico algum.”

Confira o programa “Os Pingos Nos Is” desta terça-feira, 11, na íntegra:

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