‘Recuperação será lenta e muitos lojistas não vão conseguir voltar’, diz representante dos shoppings
Glauco Humai foi entrevistado no programa ‘Os Pingos Nos Is’ desta quarta-feira, 14, e afirmou que o setor está ‘sofrendo muito’ e que não recebe apoio do Estado
O presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai, falou ao programa ‘Os Pingos Nos Is’, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 14, sobre as dificuldades que os lojistas terão em se recuperar da crise da Covid-19 após quase um ano de inatividade no Brasil. Para ele, a caminhada até a volta econômica será longa. “Temos observado ao longo de 2020 e agora nesse primeiro trimestre de 2021 que muitos parceiros lojistas e fornecedores de shoppings estão ficando pelo caminho. O setor está sofrendo muito, sem muito apoio, sem uma mão estendida, sem um entendimento mais amplo do que pode ser feito. A recuperação será gradual, lenta e certamente muitos não vão conseguir voltar”, pontuou.
Humai aponta que a área de comércio e serviços sofre com aberturas e fechamentos seletivos com poucos critérios definidos de acordo com os Estados brasileiros. “Há uma grande desorganização, o que dificulta setores bem estruturados, como é o nosso, a operarem e se organizarem para poder voltar a funcionar”, afirmou. Ele lembrou, porém, que a categoria se importa com as medidas sanitárias, e foi o primeiro setor da economia a apresentar um protocolo de operações para esse funcionamento, com opinião de especialistas e contratação de novas tecnologias para poder operar na situação pandêmica. Para ele, ampliar o horário de funcionamento das lojas para evitar aglomerações é uma resposta “óbvia” que não é ouvida pelos governantes.
Segundo os dados da associação, 70% dos lojistas de shopping são pequenos empresários com cerca de cinco funcionários. Nenhum deles recebeu auxílios ou programas, algo classificado pelo presidente como uma “deixa à revelia”. Nesse período, o setor abriu mão de quase R$ 6 bilhões em aluguéis, taxas, fundos e contas que deveriam ser pagas pelos lojistas. “Por que não se pensa uma política de médio e longo prazo em que um setor vai pagar um pouco mais de imposto, um setor vai criar um colchão, o governo vai descontar tal coisa para que em 5 anos, 10 anos, 15 anos, você reestruture e as coisas se encontrem? Está sendo penalizado um grande setor da economia e outros setores estão sendo beneficiados”, afirmou. O presidente afirmou que a categoria tem uma baixa taxa de judicialização, o que tem sido mudado no período de pandemia.
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