Autor de livro sobre epidemias diz que cachaça e tabaco eram ‘soluções’ para gripe espanhola: ‘História se repete’
Em entrevista ao Pânico, Stefan Cunha Ujvari explicou que parte da população, na época, usou de métodos contraindicados pela ciência para se ‘prevenir’ de doença pandêmica
Nesta terça-feira, 28, o programa Pânico recebeu o infectologista Stefan Cunha Ujvari. Autor do livro “A História das Epidemias”, o médico descreveu as similaridades na recepção do público com a gripe espanhola e a Covid-19. “A história se repete o tempo todo. Quando teve a gripe espanhola, no começo se acreditava que era um ‘limpa velhos’, pois matava idosos. Começou a matar a população e queriam achar um culpado para aquilo. A culpa foi para a 1ª Guerra Mundial”, contou. “Na época, a solução era beber cachaça. O álcool ia matar o vírus. O tabaco ia matar o vírus, o limão ácido ia matar o vírus… A população queria uma busca por quem pudesse dar a solução e os médicos iam nos jornais.”
O infectologista ressaltou a importância de seguir as recomendações dos orgãos governamentais em períodos de pandemia. “Toda pandemia você tem o pânico e a desinformação das notícias, os receios. Por isso, é necessário seguir um órgão central. Ele que fala: precisamos tomar a quarta dose, vacinar as crianças”, aconselhou. “A vacina no começo do desenvolvimento tinha efeitos colaterais, levava alterações no nervo central. Quando apareceu a vacina do sarampo, causava uma reação monstruosa de febre e mal-estar. A gente foi avançando, agora está numa etapa absurdamente segura da vacina”
Para Ujvari, é improvável que o vírus que causa a Covid-19 tenha sido inventado em um laboratório, uma vez que, previamente, ele já era monitorado em morcegos. “Existe um ramo que rastreia vírus. Quando apareceu a Sars de 2003, aquele coronavirus matava 10% dos infectados. A nossa sorte é que a pessoa transmitia depois da primeira semana. Deu tempo de separar antes de transmitirem, o pessoal ficou com muito medo”, explicou. “Existem vários estudos rastreando morcegos. Sabia-se que, a qualquer momento, poderia existir uma mutação e transmitir para o homem. Os vírus de RNA sofrem muita mutação”, concluiu.
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