Procurador defende repressão contra o tráfico de crack e diz que muitos viciados estão ‘condenados à morte’

Em entrevista ao Pânico, Matheus Magnani analisou as operações policiais feitas na Cracolândia e a expansão dos usuários pelo centro de São Paulo

  • Por Jovem Pan
  • 02/06/2022 15h45
Reprodução/Jovem Pan News Matheus Magnani no programa Pânico Matheus Magnani foi o convidado do programa Pânico desta quinta-feira, 2

Nesta quinta-feira, 2, o programa Pânico recebeu o procurador Matheus Magnani, que analisou as operações policias na Cracolândia e a expansão dos usuários de crack pelo centro de São Paulo, com concentração na região de Santa Cecília. “A sociedade tratou de uma forma muito demagógica a epidemia de crack, inclusive emprestando conceitos muito fluídos e imprecisos de que, para o viciado em crack, deveria ser garantido o direito constitucional de livre escolha de consumir o seu entorpecente. O crack mostrou a que veio e ele é devastador. A gente tem que começar a admitir um prejuízo considerável. O ser humano consegue entender perfeitamente a morte inevitável de um cidadão acometido pelo câncer. Em relação ao crack, existe esse conceito fluído de que o sujeito precisa de tratamento, porém estudos da Unifesp e UFRGS mostram que a recuperação, principalmente em estados avançados, é muito difícil”, observou. “Dentro dessa dezena de milhares, muitos estão condenados à morte. Quanto antes sufocar o tráfico de crack… Veja, não é uma guerra às drogas: apreender a substância. Hoje, você chega ao ponto de ter 300 ou 400 usuários na praça Princesa Isabel fumando, vendendo e comprando ao lado de uma base militar. Isso é sintomático. Muitos morrerão e não há cientificamente o que fazer a respeito.”

O procurador ressaltou os serviços prestados pelas igrejas aos usuários de entorpecentes, mas avaliou que uma mudança efetiva poderá ser feita apenas com a iniciativa de autoridades governamentais. “O que atrapalha é a falta de políticas públicas do Estado. As igrejas têm uma atividade relevantíssima nesse cenário, é importante que isso continue existindo, é uma força de resistência. O que compromete o panorama é esse fluxo ininterrupto de compra, venda e consumo de crack“, disse. “Isso só pode ser interrompido pelo administrador público. Tem que parar de tratar crack como se fosse maconha. O que eu sugiro é o sufocamento imediato dessa substância, isso é possível fazer.”

Magnani ainda relacionou a cracolândia com o lixo e a sujeira nas ruas do centro de São Paulo. “Enquanto não houver controle da epidemia de crack, você não vai ter tratamento adequado de resíduos sólidos. Como se sustenta o viciado em crack? Basicamente revirando o lixo para colher alumínio e vender na reciclagem para comprar pedra de crack. Quem conhece o cotidiano dessas pessoas sabe que é exatamente assim”, afirmou. Como solução, ele sugeriu o investimento em lixeiras subterrâneas e invioláveis. “O lixo precisa de um local para acondicionamento até que ele receba destinação. Muitas cidades hoje já trabalham com lixeiras subterrâneas, elas são invioláveis. A empresa responsável pela coleta seletiva de lixo retira. Essa é uma medida que tem que ser considerada pelo administrador público”, concluiu.

Confira na íntegra a entrevista com Matheus Magnani:

 

 

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