Pingo Final: Dilma não terá sossego com o corte orçamentário

  • Por Jovem Pan
  • 19/05/2015 10h19

Joaquim Levy deu palestra em Florianópolis neste sábado (16)

Folhapress Joaquim Levy em Florianópolis

E meu pingo final vai para uma foto. Todos vimos ontem a presidente ao lado do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ela não estava magra, o que poderia ser um motivo para ela própria celebrar, já que decidiu fazer uma dieta, ela estava abatida. Aquilo, notou minha mulher, é cara de fome. Fome de algum sossego, que ela não terá.

Até sexta-feira o Governo decide o corte no orçamento, que pode chegar perto de oitenta bilhões de reais. E vai ter de chegar à carne, inclusive à carne das promessas eleitorais. Já está certo que obras do PAC e do Minha Casa Minha Vida vão entrar no facão. Dilma não tem saída. Entre outras razões porque é obrigada a enfrentar a herança maldita deixada por Dilma.

O Governo também enfrenta a perda de arrecadação. E aí será preciso dar um jeito de aumentar as receitas. Levy quer arrancar dinheiro de ao menos mais três tributos: elevar a arrecadação do PIS/Cofins, com o fim dos regimes especiais. Elevar a alíquota da contribuição sobre lucro líquido dos bancos e aumentar o IOF. E isso quer dizer aprofundar um tantinho mais a recessão.

Ao mesmo tempo que está o cenário difícil, Dilma enfrenta a pressão de parlamentares, muito em especialmente de seu partido, o PT, para afrouxar o cinto. Acha exagerado, por exemplo, o superávit primário de 1,2% do PIB, como quer Levy. E propõe que o Governo deixe assim por 0,7%.

A tese começou a ganhar adeptos também no PMDB. Nessa hora, claro, Dilma poderia contar com a ajuda de seu padrinho político, de seu criador, Lula. Mas que. O homem é um dos sabotadores do seu Governo e já aconselhou, entre outras delicadezas, a não virar o texto que, na prática, extingue o fator previdenciário.

Ela está disposta a não ouvi-lo. Aquela cara de Dilma é a cara da melancolia.

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