Ser atacado pelo PT é hoje uma dádiva

  • Por Jovem Pan
  • 16/06/2015 09h56

“No Dia dos Namorados Jovem Pan Reinaldo Azevedo conselho amoroso

Reinaldo, então ser atacado pelo PT começa a ser uma coisa boa para quem se torna alvo da fúria companheira?

Deixem que lhes conte aqui uma pequena história. Lula, como vocês sabem, resolveu me atacar no Congresso do PT. Narrei o fato aqui na madrugada de ontem e publiquei o trecho da gravação. Muito bem: entre os milhares de visitas ao blog nesta segunda, nada menos de 62.107 pessoas chegaram à minha página por intermédio desse post, não da homepage. Começo a redigir este texto às 2h05 desta terça. O contador disparou à 0h. Nestes 125 minutos, o post foi acessado diretamente 1.245 vezes, praticamente 10 por minuto, em plena madrugada. Lula me atacou, e eu saí ganhando. E é sempre assim.

Querem outro exemplo interessante. Antes do programa “Os Pingos nos Is”, na Jovem Pan AM e FM, há o “Radiotividade”, em AM. Como eu mesmo faço blague da minha disposição de opinar sobre (quase) qualquer assunto, brinquei com Madeleine Lacsko e Thiago Uberreich, que comandam o programa: “No Dia dos Namorados, quero dar conselhos sentimentais”. Mais do que uma graça e uma ironia, era uma autoironia. Acabei não conseguindo realizar o intento porque a cidade colapsou, e não consegui chegar a tempo.

Os blogueiros sujos fizeram um tal escarcéu com isso, e a Al Qaeda eletrônica petralha fez tal barulho, que o que deveria ter sido um brincadeira discreta, quase de consumo interno, virou um “caso”. E os pedidos de conselho dispararam. Síntese: Lula bate em mim, eu cresço; os petralhas batem em mim, eu cresço; os petistas falam mal, eu cresço. Essa gente ainda não percebeu que tê-la “do outro lado” está começando a ser quase uma garantia de sucesso.

Mutatis mutandis, mudando o que deve ser mudado, é o que acontece com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Goste-se ou não de suas ideias, é inteligente, operoso e está sempre dois lances ao menos adiante dos adversários. Isso bastaria para recomendar prudência — e parece que as sucessivas derrotas que aplicou ao governo e ao PT não ensinaram nada aos companheiros. Petistas puxaram um coro anti-Cunha em seu congresso; transformaram-no no bode expiatório de todos os insucessos em curso. Ora, Cunha não poderia arranjar adversários melhores nos tempos que correm.Escrevi a respeito ontem. Volto ao tema.

Nesta segunda, o presidente da Câmara esteve em São Paulo e se encontrou com 20 representantes de 17 movimentos de oposição ao governo Dilma. Entre eles estavam o Movimento Brasil Livre, que promoveu no mês passado uma marcha a Brasília em favor do impeachment, o Acorda Brasil e o Revoltados Online. Disse Cunha: “Eles me convidaram. Eu os recebi em Brasília e falei que debateria a pauta com eles e foi isso. Eles têm uma série de pautas, muitas que estão em andamento na Casa. Debati com eles como debateria com outros. Não me cabe fazer juízo de valor dos movimentos”.

Ao chegar à Câmara nesta segunda, ele voltou a se referir às vaias que recebeu no congresso do PT: “O partido sempre insiste em buscar agressões. Ali teve pessoas que defenderam a manutenção da aliança com o PMDB, mas me atacando. Então, mostra que é um ataque continuado”. Ele voltou a falar sobre as próximas eleições presidenciais: “É óbvio que ninguém vai discutir 2018 agora, mas o que eu antecipei é a falta de vontade que eu vejo no meu partido de continuar com essa aliança. Agora, agressão ninguém vai aceitar. Eu não vou aceitar que o PMDB continue sendo agredido todo o tempo pelo PT. Se o PT quer ou queria votar para sair da aliança, não tinha nenhum problema”.

Já houve um tempo em que era preciso realmente ter queixo muito duro e até coragem para enfrentar as “fatwas” petistas, quando suas sentenças determinavam a morte moral de alguém. Hoje em dia, quando eles atacam, há a suposição imediata de que o alvo é uma boa pessoa.

Ou como resumiu Cunha no Twitter, no domingo, ao saber das vaias que levou no congresso do PT: “Ficaria preocupado se eles me aplaudissem porque seria sinal que eu estaria fazendo tudo errado”. É isso aí. Ser alvo dos zumbis virou um ativo moral.

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