“Temos que ir até o fundo do poço se for necessário”, defende presidente da OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil formalizou na tarde desta quinta-feira (25) o pedido de impeachment de Michel Temer. Um grupo com quase 100 dirigentes seccionais e o presidente da entidade máxima da Advocacia, Cláudio Lamachia, compareceram à Câmara dos Deputados para protocolar o pedido contra o peemedebista.
A denúncia da OAB é de que o presidente teria cometido crime de responsabilidade, em violação ao artigo 85 da Constituição. Os membros do colegiado se basearam na gravação da conversa entre o presidente da República com o empresário Joesley Batista, dono da JBS, no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o presidente nacional da OAB defendeu uma refundação da República: “o momento é esse. Temos que ir até o fundo do poço se for necessário”.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), já afirmou que não dará prosseguimento aos pedidos de impeachment protocolados na Casa. Mas Lamachia crê que ele cumprirá com a obrigação do cargo e terá a responsabilidade de dar curso no exame de admissibilidade para a abertura do processo de impeachment contra Temer.
Ao ser questionado como é para a Ordem dos Advogados do Brasil protocolar novamente um pedido de impeachment contra um presidente, Lamachia ressaltou a necessidade de reformas: “isso demonstra que nosso sistema político precisa ser reformado imediatamente e que vivemos hoje uma crise ética e moral sem antecedentes”.
Para o presidente nacional da OAB, os dois pedidos de impeachment – contra Dilma Rousseff e Temer – mostram que a instituição é independente. “A partir do momento que pede de Dilma e pede contra Temer, duas situações absolutamente distintas no campo ideológico, o que isso demonstra é o compromisso que a OAB tem com o Brasil, tomando decisões absolutamente técnicas e sua independência. OAB não pode se movimentar de acordo com paixões ideológicas ou partidárias e tem que cumprir seu papel de acordo com a Constituição. A OAB é do cidadão, dos advogados e da sociedade”, defendeu.
Lamachia afirmou ainda que a OAB ponderou a possível crise econômica e política em caso de um novo processo de impeachment tramitando no País, mas disse que a OAB segue as leis e a Constituição. “Não vejo outra maneira da OAB agir que não seja levando em consideração as leis e a Constituição federal. Lamento profundamente que estejamos neste momento novamente. Não me agrada de, como presidente da OAB, ter que pedir impeachment de dois presidentes em menos de um ano e quatro meses, mas temos um compromisso e tenho que cumprir as responsabilidades que me foram colocadas”, finalizou.
Confira a entrevista completa:
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