Cidade japonesa bloqueia vista do Monte Fuji para evitar selfies de turistas

Moradores de Fujikawaguchiko reclamam de estrangeiros que desrespeitam leis de trânsito e jogam lixo nas ruas

  • Por Jovem Pan
  • 21/05/2024 06h34 - Atualizado em 21/05/2024 06h35
EFE/EPA/FRANCK ROBICHON Cidade japonesa ergue uma rede de proteção para bloquear a visão do Monte Fuji em meio à superlotação de turistas A medida também visa ajudar uma clínica odontológica próxima, onde turistas às vezes estacionam sem permissão

Uma cidade japonesa começou a instalar uma grande barreira de malha em um ponto popular para a visualização do Monte Fuji nesta terça-feira (21), na tentativa de desencorajar um número crescente de turistas que tiram fotos incansavelmente do local. Os moradores de Fujikawaguchiko dizem estar fartos do fluxo interminável de visitantes, principalmente estrangeiros, que jogam lixo, invadem propriedades e infringem as regras de trânsito na busca por uma foto da vista mais famosa do Japão para compartilhar nas redes sociais. Trabalhadores começaram a fixar uma rede preta medindo 2,5 por 20 metros em postes de metal na manhã de terça-feira ao longo de uma calçada em frente a uma loja de conveniência, disse um repórter da AFP no local. Antes, os visitantes lotavam a calçada para fotografar a montanha coberta de neve, que se ergue majestosa no céu por trás da loja, criando um contraste fotogênico.

Funcionários locais e residentes disseram que a cidade recebe bem os turistas, mas reclamam que aqueles que cruzam a rua sem parar, ignoram os semáforos, estacionam ilegalmente e fumam fora das áreas designadas têm sido um incômodo. “É lamentável termos que fazer isso devido a alguns turistas que não conseguem respeitar as regras”, disse um funcionário da cidade à AFP, afirmando que os sinais de trânsito e os avisos dos seguranças não conseguiram melhorar a situação. A medida também visa ajudar uma clínica odontológica próxima, onde turistas às vezes estacionam sem permissão e até foram vistos subindo no telhado para tirar fotos. A construção da própria barreira foi inicialmente adiada devido a problemas na entrega dos materiais certos, dando às pessoas mais alguns dias para buscar a foto perfeita.

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Reservas online

Um número recorde de turistas estrangeiros está vindo ao Japão, onde o número mensal de visitantes ultrapassou três milhões pela primeira vez em março e novamente em abril. Mas, como em outros pontos turísticos, como Veneza — que recentemente introduziu tarifas de entrada para visitantes de um dia —, o influxo não foi universalmente bem recebido. Na antiga capital japonesa, Quioto, os moradores reclamam que os turistas assediam as famosas gueixas da cidade. E os aventureiros que usam a rota mais popular para subir o Monte Fuji neste verão terão que pagar 2.000 ienes (R$ 65) cada, com entradas limitadas a 4 mil pessoas para aliviar o congestionamento de gente. Um novo sistema de reservas online para a trilha Yoshida da montanha foi aberto nesta segunda-feira (20) para garantir a entrada dos visitantes por meio de um novo portão, embora mil vagas por dia sejam reservadas para entradas compradas no dia.

O Monte Fuji é coberto de neve na maior parte do ano, mas durante a temporada de escalada de julho a setembro, mais de 220 mil visitantes sobem suas encostas íngremes e rochosas. Muitos sobem durante a noite para ver o nascer do sol, e alguns tentam alcançar o cume de 3.776 metros sem pausas e acabam passando mal ou se machucando. Autoridades regionais levantaram preocupações de segurança e ambientais ligadas à superlotação no vulcão ativo, um símbolo do Japão, e outrora um local de peregrinação pacífico. Moradores próximos a outros pontos populares para fotos na região, incluindo a chamada Ponte do Sonho de Fuji, também relataram queixas sobre o turismo excessivo nas últimas semanas. Uma agência de turismo que oferece excursões de um dia de Tóquio para a área do Monte Fuji disse à AFP que está levando os visitantes para outra loja de conveniência nas proximidades, onde uma vista semelhante pode ser observada, mas há menos moradores por perto.

*Com informações da AFP

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