Moïse Kabagambe vira trampolim político da esquerda
Assassinato de congolês tem sido explorado como sintoma de um problema estrutural horripilante contra o qual apenas Lula surge como solução
Em maio de 2020, os EUA assistiram a uma série de protestos, coordenados pelo movimento Black Lives Matter, em resposta ao assassinato de George Floyd. A nova moda esquerdista, designada “racismo estrutural”, passou a ser premissa obrigatória de infinitos debates. Uma parte da imprensa brasileira devotou horas e horas de sua programação à cobertura do caso, repetindo como papagaios por aqui o novo conceito em moda, como se o espelho não fosse um artefato comum nos lares brasileiros, e a população não pudesse ver diariamente, ao arrumar os cabelos pela manhã, o retrato da miscigenação estampado em sua cara. A realidade foi deixada de lado e uma comoção artificial foi criada com profissionalismo e maestria pela nova esquerda americana, modelo atual dos comunas tupiniquins.
“Racismo estrutural” é uma versão moderninha do batido conceito marxista de “luta de classes”. Trata-se de ler quaisquer conflitos particulares no interior de um arranjo social da perspectiva de um embate maior enraizado na cultura; seja entre operários e proprietários (proletariado e burguesia), seja entre brancos e negros. No final das contas, o esquema pressupõe um grupo poderoso e opressor e um grupo destituído de poder e oprimido. Tanto faz qual peça antropológica será empregada no esquema. O ponto é o tal do esquema, que tem sido atualizado com o passar do tempo e de acordo com as reformas do discurso comunista (uma das quais, diga-se de passagem, é fingir-se de morto e superado).
Bem, e a esquerda brasileira está loucamente em busca de seu George Floyd. Moïse Kabagambe, o refugiado congolês brutalmente assassinato num quiosque do Rio de Janeiro, tem sido politicamente explorado, de forma coordenada e sistemática, por lideranças de esquerda. Explorado como sintoma de um problema estrutural horripilante contra o qual apenas Lula surge como solução. A tática típica da esquerda é indicar um problema para o qual ela se apresenta como reposta. Nos EUA, os democratas ganharam a opinião pública e bagunçaram o ano eleitoral com as manifestações em resposta ao caso George Floyd. Trump era ora indicado como origem indireta do problema, ora como o agente público inepto diante do drama. Por aqui, a esquerda procura associar toda espécie de desgraça à figura de seu maior adversário político: Jair Bolsonaro. Diante do caso Moïse, Lula não perdeu um segundo: saiu correndo para tecer nexos criativos entre o crime lastimável e o nome do atual presidente.
Essa reação evidencia que não são bem a criminalidade, violência e impunidade que preocupam a esquerda, mas unicamente a conquista do poder. O método para isso é destruir a imagem de quaisquer adversários e se colocar permanentemente em posição de superioridade moral. Evocam atrocidades, indicam culpados a torto e a direito, destroem a reputação de gente que nada tem a ver com o assunto, sempre usando o tom dos únicos agentes aptos a fazer tais chagas desaparecerem da face da Terra. Diante da quantidade de crimes violentos gratuitos que atemorizam o cotidiano de tantas famílias, chega a ser indecoroso usar um, dentre inúmeros casos, para promover o linchamento moral de rivais políticos. Veremos o dia em que esquerdistas de plantão prefiram combater linchamentos de quaisquer tipos, em vez de explorar alguns com a finalidade explícita de conquistar o poder?
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