O camburão está chegando, Lula: tchau, querido!
Por 6 votos a 5, o STF rejeitou o habeas corpus de Lula e autorizou a sua prisão.
A Lava Jato venceu, a democracia venceu, o Brasil venceu.
Todos os brasileiros que cobraram pacificamente nas ruas na terça-feira um país onde a lei é para todos e lugar de bandido é na cadeia venceram dessa vez.
O ex-presidente da República que recebeu milhões de reais de propina da OAS sob a forma de um triplex no Guarujá em troca do fornecimento para a empreiteira de contratos na Petrobras agora está nas mãos do TRF-4.
A defesa de Lula tem até a próxima terça-feira, 10 de abril, para protocolar o segundo e último recurso no tribunal. Os embargos declaratórios já foram negados no mês passado, agora é a vez dos chamados ‘embargos dos embargos’.
O julgamento ainda não tem data, mas os desembargadores costumam ser rápidos.
Uma vez rejeitada a apelação, a prisão de Lula será determinada pelo TRF-4 e executada pelo juiz Sergio Moro.
Não adiantou Gilmar Mendes voltar de Lisboa para tentar salvá-lo, igualando-se ao petista no ataque à imprensa livre ao dizer que nunca viu uma mídia tão opressiva.
Eu é que nunca vi ministros tão subservientes a políticos investigados quanto os cinco que votaram pela concessão do HC a Lula.
Não adiantou Marco Aurélio Mello interromper o voto da ministra Rosa Weber, quando se deu conta de que ela negaria o pedido, para tentar convencê-la de que eles poderiam formar maioria capaz de proibir a prisão após condenação em segunda instância.
Rosa resistiu à pressão e manteve a coerência já demonstrada nas 57 vezes em que rejeitou pedidos de habeas corpus, alegando respeito ao princípio da colegialidade, ou seja: à jurisprudência firmada pelo STF em outubro de 2016, quando a Corte autorizou a prisão dos condenados em segundo grau.
Não adiantaram as tentativas de Gilmar, Marco Aurélio, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli de que a ação sobre o momento de execução da pena fosse pautada por Cármen Lúcia.
Carminha também resistiu à pressão e ainda desempatou o jogo contra Lula, unindo-se a Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Rosa Weber.
A discrepância entre as argumentações técnicas dos ministros contrários ao HC do condenado e o teatro retórico da ala golpista do STF foi nítida.
Como o HC havia sido impetrado contra uma decisão da 5ª Turma do STJ, o que estava em jogo era apenas a análise de ter havido ou não ilegalidade e abuso do poder naquela decisão. Claro que não houve. O STJ simplesmente seguiu a jurisprudência do próprio STF. Todo o resto foi puro mimimi.
Fiquei ao vivo por mais de 7 horas na ancoragem da cobertura do julgamento aqui na Jovem Pan e tive a imensa alegria de celebrar a vitória da Justiça nesta madrugada.
O camburão agora está chegando, Lula.
Tchau, querido.
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