Se Fiuk fosse coerente, daria seu lugar no Big Brother a um integrante de minorias

Chorar em público por causa de culpas imaginárias não é refinamento moral: é patético

  • Por Leandro Narloch
  • 28/01/2021 13h55
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Reprodução/Instagram/fiuk Fiuk é filho do cantor Fábio Júnior e está na 21ª edição do Big Brother Brasil

Mandaram um trecho de um vídeo por WhatsApp, resolvi assistir uma parte maior. Depois de 30 segundos, deu vontade de fechar a janela, mas continuei. Fiuk, o filho de Fábio Junior que participa do Big Brother, lamenta ter participado de uma piada: “Infelizmente, quem causa isso tudo são os homens brancos privilegiados, que vão atrás, que batem, que impõem. Mas a gente precisa ouvir. A gente tem que entender a dor de todo mundo e escutar. A gente precisa entender nosso lugar de fala: a gente é homem, branco, hétero, privilegiadasso. Tô me sentindo muito mal de ter participado disso”. 

Parece que Fiuk, com essa postura de elite sensível e comprometida, tentou passar a imagem de um herói do bom mocismo, um ser humano com refinamento moral suficiente para se sensibilizar com qualquer sofrimento alheio. Mas a internet o entendeu como um chorão. Sua postura não é de refinamento moral, mas de quem quer sinalizar virtude a qualquer custo, como se participasse não de um reality show, mas de um campeonato de comprometimento a valores da nova esquerda. Também é uma postura contraditória. Se Fiuk fosse coerente, se realmente bancasse o que fala sobre privilégio do homem branco opressor etcetera e tal, pediria para sair do Big Brother, dando lugar a algum integrante de minorias. Difícil evitar a impressão de que sua sensibilidade é só estratégia. 

Sim, existem brancos privilegiados. Moleques que nasceram bem, que nunca precisaram trabalhar e que desde o nascimento têm a vida garantida. O melhor que esse tipo de pessoa pode fazer a grupos marginalizados é ganhar seu dinheiro honestamente. Não precisa pagar penitência. Não precisa chorar em público. Não precisa agir como um condenado pela inquisição que tenta escapar da fogueira. Basta andar na linha, tentar ganhar seu trocado melhorando a vida dos outros, sem mesquinhar privilégios. Lamentar a tragédia alheia adianta pouco. Soa como uma sinalização de virtude de quem não tem virtudes, como uma tentativa de parecer intelectual de quem tem QI baixo. É sintomático Fiuk falar com as palmas das mãos juntas, como se fosse um sacerdote rezando. “Senhor, creio em ti, sou um pecador mas estou arrependido, ao contrário dos meus irmãos. Perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem.” Fiuk é uma prova de que vivemos numa das épocas mais carolas que já existiram. Ele enxerga o sermão moralista que deu nos colegas como uma forma de ganhar popularidade. 

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