Fala de Rodolffo teve zero preconceito e foi sobre o volume do cabelo de João Luiz
Geógrafo fez um verdadeiro ‘teatro’ diante das câmeras do ‘BBB21’, em mais uma modalidade de mimimis para uma vasta coleção a que temos assistido nos últimos tempos
Continua a saga das interpretações cruzadas, dos pesos e medidas colocados em espaços trocados, tanto na mídia quanto na vida. Nesta semana, durante a exibição do “Big Brother Brasil 21”, mais um fato polêmico com participantes do programa virou caso de polícia. A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu uma investigação sobre um possível crime de preconceito racial, após o geógrafo João Luiz se manifestar sobre comentários feitos pelo cantor Rodolffo, durante o “Jogo da Discórdia”, momento em que os ‘brothers’ podem opinar sobre o comportamento dos demais. No desabafo, João derramou algumas lágrimas e disse que seu cabelo foi comparado por Rodolffo à peruca de um homem das cavernas, usada na fantasia do monstro. No momento, o artista se mostrou surpreso com a reação do companheiro de programa e chegou a pedir desculpas, negando qualquer intenção de feri-lo. Porém, João, além de não aceitar as desculpas, fez um verdadeiro “teatro” diante das câmeras, provocando reações de solidariedade dos colegas e de parte do público, que ficou na expectativa de crucificar um dos envolvidos, sem a preocupação de investigar seus reais motivos. Um jogo que se constrói dentro e fora da casa.
Após esse espetáculo, houve muitas manifestações na mídia sobre a conduta de Rodolffo. Um vídeo do psicanalista Ricardo Ventura esclareceu essa “jogada” de João durante o programa, que viralizou nas redes. Para o analista comportamental, as expressões faciais do geógrafo, ao emitir seu descontentamento, retrataram uma preocupação de ser enquadrado nas câmeras, a fim de falar com o público sobre uma possível ação racista a que tenha sido submetido. Perante o olhar de surpresa de Rodolffo, o ‘brother’ continuou encenando sua indignação, tecendo comentários que destacavam seu cabelo, nada convencional, como semelhante ao do homem pré-histórico. Ricardo aponta também para o momento em que Caio estava sentado, cabisbaixo, recebendo afagos dos participantes, o que levou Rodolffo a se aproximar e fazer um pedido de desculpas, desencadeando uma reação de raiva em João. Perfeito para jogar lenha na fogueira em algo que, a meu ver, não teve nenhuma intenção de ferir o brio, muito menos a cor da pele de ninguém, pois foi em um momento de descontração entre os confinados. Mas, como parece estar surgindo uma nova modalidade de interpretação dos fatos que nos cercam, busquemos enxergar essas reações, mesmo que num jogo, como parte de um cardápio de mais uma modalidade de mimimis para uma vasta coleção a que temos assistido nos últimos tempos.
Assim como o psicanalista em seu vídeo, pra mim, ficou bem clara a menção de Rodolffo ao cabelo de João, uma comparação à sua peruca, que também era armada e volumosa. Mesmo porque, minutos antes, ele havia feito uma brincadeira com um outro participante por sua careca. Diante do vulto que tudo isso tomou, confesso que gostaria de entender quais os critérios que decidem se um ato é racista, dentro e fora das câmeras. Me parece que, para os “inquisidores”, o que importa não é o fato em si, mas quem dá voz a ele. Vejamos o que ocorreu recentemente com as acusações feitas por Karol Conká, no mesmo programa, e que levaram à sua eliminação, com 99,17% dos votos. Karol, durante sua estada, apresentou falas de ódio e racismo explícito contra vários participantes, além de atos xenofóbicos e persecutórios a diferentes religiões dos confinados.
Embora o racismo costume atravessar quase tudo que se fala ou se vê, no caso da Karol, algumas de suas falas são indefensáveis, provocando reações de indignação por parte de artistas como Ludmilla, que se manifestou nas redes sobre um comentário infeliz, dentre vários de Conká, que questionava a presença de Deus em um momento de discussão na casa; enquanto que para Rodolffo, a meu modo de ver, sem intenção de magoar ninguém, desencadearam reações e ações concretas de criminalidade por racismo. Na realidade, a única menção de Rodolffo a respeito do cabelo de João foi sobre o volume semelhante à peruca que fazia parte de uma fantasia. Zero preconceito. Portanto, novamente estou eu tentando dar voz a quem merece por direito, buscando trazer os fatos, vistos de todos os ângulos. Mais solidariedade, atenção aos fatos e menos vitimização.
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