Balanços dos bancos indicam recuperação da economia e aumento nas carteiras de crédito
Instituições também estão diminuindo as provisões que tinham feito ao longo de 2020, mantendo dinheiro em caixa para cobrir o calote nos empréstimos
Balanços dos bancos costumam causar discussões no Brasil, mais focadas no tamanho dos lucros. No exterior, porém, analistas e investidores aguardam os resultados do setor como indicativo de como anda a economia. O volume de empréstimos, assim como a inadimplência, são, afinal, medidas da saúde das empresas. Nesse aspecto, os balanços dos grandes bancos, divulgados nos últimos dias, trazem boas notícias. Juntos, Itaú, Bradesco e Santander, as estrelas das divulgações até agora na chamada “temporada de balanços das empresas listadas na B3”, lucraram R$ 51,8 bilhões. O valor é alto, mas houve queda de quase 25% na comparação com o lucro de 2019. Em 2020, o lucro das instituições foi de R$ 51,8 bilhões (-24,7%), e no 4º trimestre, de R$ 16,1 bilhões (-8,9%).
No entanto, houve melhora no fim do ano passado. Os R$ 16,1 bilhões de lucro dos três bancos entre outubro e dezembro correspondem a quase 30% da rentabilidade no ano. Se tivesse sido assim em 2020 inteiro, o lucro teria sido mais de 20% maior. Outro dado que os balanços mostram é que os bancos estão diminuindo as provisões que tinham feito ao longo de 2020, mantendo dinheiro em caixa para cobrir o calote nos empréstimos. Só no Itaú, a queda foi de 9% no trimestre. No começo da pandemia, se temia a disparada da inadimplência. Mas o alongamento de dívidas pelo setor e o pagamento do auxílio emergencial, que injetou mais de R$ 500 bilhões na economia, conseguiram segurar os calotes. Os bancos terminaram o ano com quedas históricas nas dívidas não pagas, praticamente em 2%.
- Alta do crédito
- Itaú +20%
- Bradesco +10%
- Santander +16,9%
E eles ainda aumentaram suas carteiras de crédito. Geralmente, os empréstimos encolhem nas crises. Mas em 2020 a carteira do Itaú avançou 20%. A do Bradesco, 10%, e a do Santander, 16,9%. As principais pegadoras de crédito nos bancos foram as grandes empresas, dando mais segurança aos empréstimos em meio à crise. Para 2021, os alvos são as pessoas físicas e as micro, pequenas e médias empresas. Tanto Itaú como Bradesco projetam que o crescimento vai continuar.
- Crédito em 2021
- Bradesco + 9 a 13%
- Itaú +8,5 a 12,5%
O Bradesco prevê alta de 9% a 13% no crédito, enquanto o Itaú vê um crescimento entre 8,5% e 12,5%. Mais crédito, mais dinheiro circulando na economia. Resta o balanço do Banco do Brasil, o único dos grandes bancos que ainda não divulgou os resultados, para confirmar as projeções mais otimistas. Agora, vai depender de dois fatores: o ritmo da vacinação e de uma solução para a crise fiscal. Sem isso, a previsão do banco para o crescimento no ano, de 4%, cai pela metade. Uma razão para acelerar as reformas. Sem tirar o olho da vacina.
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