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Com Covid-19 e intervenção na Petrobras, IPOs perdem fôlego na B3

Mercados seguem agitados com a PEC da Transição e as falas de Lula contra a responsabilidade fiscal

Até fevereiro, o céu parecia de brigadeiro para os IPOs, ofertas primárias de ações. Mas a volatilidade das últimas semanas já afeta a entrada de novas empresas na B3. Em janeiro e no mês passado, foram 13 IPOs, que movimentaram R$ 19 bilhões. Marcas conhecidas, como a varejista online de móveis Mobly, aproveitaram o momento positivo para emitir papéis. Outros 30 lançamentos estavam marcados para as próximas semanas. Mas, segundo o Itaú, o número deve cair pela metade. A nova onda de casos de Covid-19 e a vacinação em ritmo lento, que afetam a recuperação da  economia, já vinham afastando aos poucos os investidores. Mas o grande ponto de inflexão foi a troca no comando da Petrobras.

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No dia em que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a troca do presidente da empresa, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna, o Brasil registrou a maior saída de estrangeiros da bolsa desde 2008: R$ 6,8 bilhões. A saída deles acaba afetando a chegada de novas ações ao mercado, já que estão entre os principais compradores. No cenário atual, segundo analistas, só IPOs de empresas de saúde e tecnologia têm mais chances de atrair interessados. Não quer dizer que é uma mudança definitiva de cenário. Dois mil e vinte começou sendo chamado de o ano dos IPOs, mas por volta de maio ou junho, com a turbulência da crise da Covid, parecia que o apetite por novas ações tinha desaparecido. E acabou que no segundo semestre, mais estável, houve uma avalanche de ofertas, chegando a 28 em dezembro.

A projeção do mercado ainda é de um total de 70 IPOs no ano, levantando R$ 140 bilhões. Mas muito vai depender das próximas semanas da Petrobras, uma empresa que, pelo tamanho e muito pela gestão bastante elogiada de Roberto Castello Branco, atrai bastante atenção dos investidores estrangeiros. Com a nova diretoria, o mercado quer saber se os preços dos combustíveis vão continuar acompanhando o mercado internacional, assim como se serão mantidos os planos, já anunciados, de venda de refinarias. Mantidas as duas políticas, que deram impulso aos papéis da empresa nos últimos meses, um sinal importante vai ser dado ao mercado. E o segundo fator, que tem deixado os investidores de fora, é a vacinação. Se o ritmo avançar, com os mais vulneráveis imunizados e caindo o terrível número de mortes da atualidade, medidas de fechamento da economia tendem a ser menos necessárias e a incerteza diminui. Certamente trazendo de volta investidores estrangeiros e brasileiros. E o ritmo mais forte dos IPOs.

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