Vera: Aliança pelo Brasil é a extensão da casa de Bolsonaro

ESTADÃO CONTEÚDO Além de criar a legenda para seu clã, Bolsonaro aproveitou para fazer do partido uma forma de culto à sua personalidade

O lançamento oficial, nesta quinta-feira (21), do novo partido de Jair Bolsonaro, Aliança pelo Brasil, deixou bem claro o objetivo da criação da sigla: ser uma extensão do próprio presidente e de sua casa. Além dele mesmo, que será o presidente da legenda, e de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, que ocupará o cargo de vice-presidente, Bolsonaro aproveitou para introduzir até mesmo seu caçula, Jair Renan Bolsonaro, na política – ele fará parte da comissão provisória do diretório nacional do partido.

Além de criar a legenda para seu clã, Bolsonaro aproveitou para fazer do Aliança pelo Brasil, também, um partido que nasce moldado à sua imagem e semelhança, em uma forma de culto à sua personalidade. Entre as principais pautas defendidas, por exemplo, estão as causas apoiadas desde sempre pelo presidente, como a defesa do excludente de ilicitude; a posse e porte de armas como direito inalienável; os valores cristãos; e a condenação da ideologia de gênero e outras ideologias – algumas até ilusórias, como o globalismo – como o nazifascismo, socialismo e comunismo.

Além dessa mistura de assuntos caros ao bolsonarismo, o partido também tem a lealdade como seu principal molde. O próprio estatuto da sigla diz – e até ameaça – que quem não se moldar ao ideário bolsonarista e não for fiel a ele em todos os aspectos será expulso.

No geral, o Aliança pelo Brasil mostrou-se conservador, com leves pinceladas liberais nos poucos trechos em que fala de economia. Os ideais principais estão embasados na família, religião e no conservadorismo nos costumes.

Há, por fim, algumas ideias interessantes, como uma cláusula de compliance – que apesar de legal, parece ser de difícil aplicabilidade -, e de transparência sobre os recursos públicos, além da proibição e exclusão de membros condenados em segunda instância.