Vera: Bolsonaro deixa PSL desnecessariamente e põe em risco agenda de reformas

  • Por Jovem Pan
  • 12/11/2019 08h16 - Atualizado em 12/11/2019 08h28
FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO Presidente pode perder força nas votações de pautas no Congresso

Em uma decisão desnecessária e em momento impróprio, o presidente Jair Bolsonaro deve anunciar sua saída do PSL nesta terça-feira (12). Entre os muitos efeitos que sua debandada, para criar um partido do zero – possivelmente chamado Aliança pelo Brasil -, pode causar, o mais imediato está na agenda de reformas pensada pelo governo após a aprovação da nova Previdência.

O presidente e sua equipe econômica acabaram de entregar, por exemplo, a PEC do pacto federativo. Para a semana que vem, está prevista a chegada da reforma administrativa. Entre outras, essas são medidas ainda mais complexas e ambiciosas do que a reforma da Previdência – que já era consenso na sociedade, ao contrários das novas, que causam mais divisões.

A decisão de sair do partido terá um efeito óbvio: uma parte dos aliados irão com Bolsonaro à nova legenda e, a outra, ficará. O problema é que o PSL vinha sendo bastante leal com o presidente, apoiando ele em todas as votações e permitindo que as pautas do governo avançassem no Congresso Nacional. Agora, é impossível saber se o novo partido terá peso para suportar essa agenda de reformas e como o PSL que ‘sobrar’, após a saída, vai se comportar em relação ao votos – serão favoráveis ou contrários às medidas de Bolsonaro?

É preciso lembrar, também, que o PSL foi o partido que mais cresceu nas últimas eleições – ele elegeu a maior bancada da Câmara, tem fundo partidário de mais de R$ 150 milhões previsto para 2020 e também um fundo eleitoral bastante recheado para ajudar nas campanhas municipais do ano que vem – criando uma nova sigla a partir do zero, não se sabe, além de quantos parlamentares irão com ele, se ele vai conseguir alguma parte desse dinheiro para ajudar na campanha.

Mesmo que Bolsonaro continue com apoio das redes sociais e da internet, a mudança também representa um risco maior para uma possível reeleição em 2022. Com menos parlamentares em sua base e menos dinheiro, vale lembrar que, ainda que ele seja uma força e que continue havendo uma grande polarização no país, em 2022, Bolsonaro já terá exercido um mandato completo – o que abre espaço para críticas e possíveis rejeições, o que já vem acontecendo, já que ele não tem mais o mesmo apoio do ano eleitoral.

A saída de Bolsonaro do PSL não tem inteligência política ou lógica. É uma aventura desnecessária neste momento e ele vai gastar muitos esforços nesse novo partido, quando deveria estar empreendendo em seu governo.

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