‘Com novos presidentes na Câmara e Senado, reformas vão avançar’, diz Salim Mattar

Ex-secretário de Desestatização do Ministério da Economia defendeu que, agora, privatizações também devem entrar na pauta do Congresso

  • Por Jovem Pan
  • 08/02/2021 10h18 - Atualizado em 08/02/2021 10h19
Agência Brasil Para Mattar, falta sensatez e responsabilidade por parte dos congressistas -- o que foi mostrado diante da reforma da Previdência

O ex-secretário de Desestatização do Ministério da Economia e empresário Salim Mattar acredita que, a partir da mudança no comando da Câmara dos Deputados e Senado Federal, as privatizações e reformas vão entrar na pauta do Congresso. Para ele, antes, o legislativo fazia oposição ao presidente Jair Bolsonaro. “Com os novos presidentes, a pauta Brasil vai avançar. Antes, não avançava porque todos os projetos poderiam contribuir para que acontecesse um bom governo e, com isso, o presidente poderia ser reeleito. E isso era um grande risco.”

Ele deu como exemplo a privatização da Casa da Moeda, que seria necessária a quebra do monopólio para acontecer. “Isso demonstra a qualidade Congresso. As pessoas gostam de dizer que o Congresso é o extrato da sociedade, mas eu discordo. É a nata da sociedade.” Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Salim Mattar destacou que em países como Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Canadá não existem greves de caminhoneiros. Enquanto na Argentina, Brasil e França, existem. “Por coincidência, não tem essas greves em países que não tem estatal de petróleo. Tendo participação do governo, os caminhoneiros pressionam porque eles precisam de votos e fazem concessões. Explorar petróleo é corriqueiro, não é estratégico. Estratégico é não ter 11 milhões de analfabetos, é ter infraestrutura e saneamento. Mas o establishment se opõe à privatização”, completou.

Para ele, não tem como uma empresa dar certo trocando de presidente a cada dois anos, em média — como é o caso da Petrobras. Além das privatizações, Salim Mattar também tem esperanças nas reformas. “Coloquei nas minhas redes um bolo com uma vela de dois anos. Há dois anos está no Congresso o projeto de autonomia do Banco Central, mas nossos políticos não tiveram tempos. Tinham outras prioridades, não vi quais. Mas a autonomia do BC está parada. E, de repente, estamos vendo Arthur Lira e Rodrigo Pacheco dizendo que ela vai ser votada rapidamente. Depois de dois anos acho que o Congresso vai tirar a diferença e colocar em pauta os projetos necessários para o Brasil”, disse.

Para Mattar, falta sensatez e responsabilidade por parte dos congressistas — o que foi mostrado diante da reforma da Previdência, mas não aparece no processo da privatização da Eletrobras, por exemplo. Salim Mattar também falou sobre a supremacia das bancadas do Norte e Nordeste no Congresso. De acordo com ele, o Sul e o Sudeste são regiões mais desenvolvidas em que o coronelismo político não tem raízes tão profundas. “Gerações de pessoas das mesmas famílias que continuam na política não é de todo mau. Existe nos EUA, na Inglaterra. Mas é mau se defende ideias do atraso. No Brasil, foi muito comum um ‘toma lá dá cá’ desde o governo Sarney”, explicou.

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