A volta à vida do templo do grande faraó esquecido, Tutmés III

  • Por Agencia EFE
  • 10/01/2015 06h28
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Edu Marín.

Luxor (Egito), 10 jan (EFE).- O templo funerário do faraó Tutmés III (1490-1436 a.C.), abandonado durante 70 anos, ressurge das profundezas da montanha Tebana, em Luxor (sul), para devolver a este grande faraó o lugar que merece na história do Egito.

“Com este projeto tentamos colocar Tutmés III no lugar que lhe corresponde, restituindo a memória de quem foi um grande faraó do Egito”, disse à Agência Efe o epigrafista do Projeto do Templo de Tutmés III, Javier Martínez.

Professor de língua egípcia e história do Antigo Egito no Museu Egípcio de Barcelona, Martínez se dedica à documentação de todo elemento que sai das escavações deste projeto, comandado pela espanhola Myriam Seco.

A partir de sua longa experiência na sala de aula e no terreno, Martínez reivindica a figura deste faraó, muito menos conhecido que outros menos determinantes como Tutancâmon ou Ramsés II.

“Estamos falando de um dos faraós mais importantes da história do Egito, importante como o conquistador de um grande império que duraria 300 anos; faraós mais conhecidos como Ramsés II se dedicaram a proteger o império que Tutmés III tinha criado”, assinalou.

Este projeto, que começou em 2008, cresceu de maneira exponencial.

Em uma conversa com a Agência Efe do alto de um dos muros do templo, Seco destaca que no primeiro ano, a equipe só era composta por oito pessoas, e que agora, na sétima campanha, é integrada por 35.

“O faraó Tutmés III sempre me atraiu muito e ao ver que seu templo funerário estava esquecido, decidi começar a montar um projeto; quando começamos, praticamente tudo era escombros, e agora foram aparecendo as estruturas”, afirmou a arqueóloga.

Debaixo de suas ruínas, o templo escondia, além disso, uma necrópole, da qual até agora, a equipe de Seco escavou 17 túmulos.

Entre elas, a de número 14 lhes deu uma grata surpresa: os ossos de uma mulher que portava pulseiras e um pêndulo de ouro, e uma tornozeleira de prata.

O teto do nicho desabado sobre o sarcófago evitou ao longo dos séculos que os ladrões percebessem de tal tesouro.

Os olhos de Seco brilham quando fala desta grande descoberta, da qual, diz, tiveram muito pouco tempo para realizar a documentação, já que em seguida “veio um caminhão da Polícia para levar as peças ao armazém do serviço de (o Ministério de) Antiguidades”.

Várias descobertas surgidas das ruínas denotam usos anteriores e reutilizações posteriores do templo funerário de Tutmés III, o que implica que este projeto de escavação pode documentar, para mais pesquisas, materiais desde o Império Médio (2050-1750 a.C.), 400 anos antes de Tutmés III, até a época ramésida (séculos XIII a XI a.C.), acrescentou Seco.

Entre essas pesquisas, Martínez destaca “a série de incógnitas em torno da figura de Tutmés III, como sua relação com (a rainha) Hatshepsut”, filha de Tutmés I e parente de Tutmés III.

Um dos elementos, segundo Martínez, é ver que fases seguiu este templo do ponto de vista arquitetônico e histórico, onde mostra várias similitudes com o templo de Hatshepsut (um dos emblemas da necrópole tebana da Margem Oeste de Luxor).

Estas semelhanças fazem pensar “que ambos os templos começaram a ser construídos ao mesmo tempo”.

“Trata-se de encaixar peças físicas, mas também históricas”, acrescenta Martínez, explicando que este templo funerário escondia explicações das campanhas militares de Tutmés III, assim como os relevos nas quais estão desenhadas.

Financiado pela espanhola Fundação Botín, pelo Santander Universidades e pela cimenteira mexicana Cemex, este projeto tem ainda pela frente vários anos de escavação.

“Aqui vamos fazer um museu ao ar livre e espero que em cerca de 15 anos este templo entre no circuito de visitas da Margem Oeste (de Luxor)”, previu Seco.

Deste modo, os turistas poderão desfrutar do templo, recuperar a memória e conhecer um pouco mais a figura de quem foi, insistiu Martínez, “um personagem de primeiro nível da história do Egito”. EFE

em/ma

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