Árvore que sobreviveu ao 11/9 se torna estrela de documentário em NY

  • Por Agencia EFE
  • 14/04/2015 10h31
  • BlueSky

Anna Buj.

Nova York, 14 abr (EFE).- Mais de 400 árvores compõem a praça do monumento aos atentados de 11 de setembro de 2001, mas apenas uma foi testemunha do horror. “A árvore que sobreviveu” se transformou em símbolo da recuperação de Nova York após a tragédia e, agora, em estrela de um documentário.

O cineasta Scott Elliott está rodando “The Trees”, filme sobre as histórias dos carvalhos bicolores do “marco zero”, que foram transplantados de outros estados envolvidos no atentado terrorista para o local onde estavam as torres gêmeas para lembrar o espectador das 2.983 vítimas dos atentados de 2001, exceto por uma.

Através das árvores que simbolizam “o renascimento e a renovação, este filme questiona como nós, como cidade e como nação, lembramos e rememoramos a tragédia”, afirmou Elliott.

No entanto, e apesar das emocionantes viagens das árvores desde Washington ou da Virgínia, o documentário tem uma protagonista: “The Survivor Tree”, uma pereira de 40 anos que tem “propriedades mágicas”.

“É a única árvore que sobreviveu aos ataques de 11 de setembro de 2001. Nós pensávamos que estava morta, mas em outubro de 2001 começou a mostrar novas folhas, e as árvores não fazem isso normalmente: a única maneira de ter conseguido é por realmente demonstrar que queria viver”, disse à Agência Efe o diretor de Projeto e Construção do Monumento, Ronaldo Vega.

A árvore foi testemunha de terremotos, do furacão Sandy, de tempestades de inverno e acreditaram que estava morta após o atentado, mas após renascer de forma “mística” e se tornar o único ser vivo que sobreviveu no “marco zero”, se tornou um ponto de encontro para líderes internacionais e turistas que visitam o Memorial.

“Temos um Memorial que fala dos que foram assassinados, e temos uma árvore que fala daqueles que sobreviveram”, explicou Vega sobre esta pereira de Callery, que deve florescer nos próximos dias, já que é primavera em Nova York.

Segundo Vega, os familiares das vítimas do 11 de setembro estão conectados à árvore porque “ela estava viva quando seus entes queridos estavam vivos e passavam perto dela todos os dias”.

A árvore recebe laços e flores constantemente. “Talvez não tenham se dado conta, mas viveram nesta terra juntos. Tocam seu tronco porque ele lembra o tempo em que seus entes queridos estavam vivos”, disse o supervisor de projeto do local.

Por este motivo, muitos familiares pediram mudas da pereira para levar para casa. Em setembro, o Museu do Memorial entregou plantas a outras comunidades dos EUA que passaram por tragédias, como símbolo de resistência e determinação.

Os selecionados foram Bear (Washington), que no ano passado sofreu um deslizamento de terra que matou 43 pessoas; Gulfport (Mississipi), para lembrar os mortos pelo furacão “Katrina” em 2005; e Fort Hood (Texas), em honra às 16 vítimas dos tiroteios de 2009 e 2014.

“A árvore queria sobreviver, a árvore queria demonstrar que era forte. Todos olhamos para as árvores de maneira diferente, e damos a elas um tratamento humano, e neste caso simplesmente pensamos que queria contra-atacar, não queria se render”, refletiu Vega.

Os designers do Memorial, Michael Arad e Peter Walker, quiseram construir um espaço que refletisse a ausência dos que foram assassinados e das torres gêmeas, por isso optaram por um espaço plano que dirigisse os olhares para os nomes esculpidos nos painéis do memorial.

São árvores que pretendiam ser “invisíveis” e convidar à reflexão e à serenidade, mas que acabaram se transformando em “parte da poesia” que este emblemático lugar representa para Manhattan, e que terão sua história contada em um novo documentário.

“Será magnífico, esta história precisa ser contada”, concluiu Vega. EFE

ab/cd/rsd

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.