DNA de 9 anos pode revelar origem de índios norte-americanos

  • Por Agencia EFE
  • 18/06/2015 17h45
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Londres, 18 jun (EFE).- A análise do genoma de um esqueleto humano de 9 anos atrás descoberto nos Estados Unidos joga luz sobre os ancestrais dos índios norte-americanos, detalha um estudo que a revista “Nature” publica nesta quinta-feira.

Pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, determinaram que o chamado homem de Kennewick, encontrado em Washington, em 1996, mantém mais semelhanças com os nativos norte-americanos modernos do que com qualquer outra população atual.

Ao todo, cinco tribos da bacia do Rio Columbia consideram que as partes pertencem a um de seus ancestrais e desejam que as autoridades americanas as entreguem para poder enterrá-las com seus rituais. A Justiça determinou, no entanto, há uma década que eram necessários mais estudos para comprovar a linhagem do homem de Kennewick.

As tentativas de analisar o DNA do esqueleto tinham fracassado até agora, e só tinha sido possível realizar um estudo morfológico do crânio que estabeleceu que os pedaços não tinham relação com os nativos norte-americanos, mas tinham semelhanças com grupos do Pacífico, como os Ainu e os polinésios. Uma amostra obtida do osso de uma mão do esqueleto permitiu a uma equipe dirigida por Eske Willerslev comparar o genoma do homem de Kennewick com o de outros povos, incluindo as tribos do Pacífico.

O grupo dinamarquês considera provado que existe “uma continuidade” entre o esqueleto e os nativos norte-americanos “durante pelo menos os últimos oito milênios”, e descarta o parentesco com outras etnias.

Em entrevista por telefone, Willerslev afirmou que o DNA guarda semelhanças com os índios da Reserva de Colville, uma das cinco que reivindicam as partes, apesar de admitir que as outras quatro não forneceram amostras para comparação.

“Essas cinco tribos se misturaram umas com outras durante muitos anos, portanto minhas expectativas são que as outras quatro tribos também estejam relacionadas ao homem de Kennewick, apesar de não o submetermos a exame”, disse o cientista.

O responsável pela pesquisa ressaltou que “nunca será possível determinar de qual população entre os índios norte-americanos é mais próxima” as partes, devido à falta de amostras de DNA de todos os grupos que habitaram esse território.

Além das provas genéticas, os cientistas dinamarqueses voltaram a analisar o crânio do homem de Kennewic e concluíram que o exame morfológico não permite relacionar o esqueleto a grupos contemporâneos específicos.

“A partir de um indivíduo que viveu em um momento determinado, em um ponto concreto, não se pode fazer uma associação com uma população viva. Se tivéssemos 100 homens de Kennewick, todos da mesma região, então talvez tivéssemos a possibilidade de associá-los a povos modernos”, descreveu o biólogo evolutivo.

Ele afirmou que sua equipe não defende os interesses de nenhuma das partes envolvidas na disputa.

“Nós não tomamos posição em nenhum litígio. Somos apenas cientistas que colocamos à mesa o resultado de nossa análise”, afirmou Willerslev. EFE

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