Eduardo Galeano, o autor do esquecimento e da política

  • Por Agencia EFE
  • 13/04/2015 13h11
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Redação internacional, 13 abr (EFE).- O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano, que morreu nesta segunda-feira aos 74 anos, era uma das vozes mais críticas da literatura latino-americana e entre suas várias obras destaca-se “As veias abertas da América Latina”, uma declaração de princípios e seu livro mais lido.

Um livro que surgiu em 1971 e que é por direito próprio um dos clássicos da literatura política em espanhol, no qual Galeano analisa com precisão a história do continente até esse momento.

Galeano tinha pouco mais de 30 anos quando o publicou, mas o autor já tinha uma carreira consolidada, que começou precocemente em 1963 com “Os dias seguintes”, que foi feito quando o autor tinha apenas 23 anos.

Eduardo Germán María Hughes Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 em Montevidéu em uma família acomodada, filho de Eduardo Hughes Roosen e de Licia Esther Galeano Muñoz, de quem tomou o sobrenome para sua carreira literária.

Galeano entrou no mundo do jornalismo com 14 anos de idade, desenhando caricaturas políticas.

Posteriormente foi redator-chefe da revista “Marcha” (1961-1964), uma publicação na qual colaboraram nomes como Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti.

Galeano também foi diretor do jornal “Época” (1964-1966) e diretor de publicações da Universidade do Uruguai (1964-1973).

Nesse último ano, Galeano se exilou em Buenos Aires, onde fundou a revista “Crisis”, que também dirigiu. Em 1976, continuou o exílio em Barcelona (Espanha).

Seu retorno ao Uruguai aconteceu em 1985, uma vez restaurada a democracia.

“China” (1964), “Guatemala, país ocupado” (1967); “Reportagens” (1967), “Os fantasmas do dia do leão e outros relatos” (1967) e “Vossa majestade o futebol” (1968) foram seus primeiros livros, todos com um grandes conteúdos político.

Uma obra que os críticos literários consideram influenciada pelos italianos Cesare Pavese e Basco Pratolini, os americanos William Faulkner e John Dos Passos e espanhóis como Federico García Lorca, Miguel Hernández, Antonio Machado, Pedro Salinas e Luis Cernuda.

O ponto de inflexão em sua carreira foi marcado por “As veias abertas da América Latina”, que ele descrevia como “uma contra-história econômica e política com fins de divulgação de dados desconhecidos”, e pelo qual obteve o Prêmio Casa das Américas de Cuba e, duas décadas mais tarde (1999), o Prêmio à Liberdade Cultural da Fundação Lannan dos EUA, dedicada a promover a literatura contemporânea e as artes visuais.

Um livro que está ligado a uma lembrança: em 2009 o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, presenteou com um exemplar seu colega americano, Barack Obama, durante a cúpula de Unasul (União de Nações Sul-americanas).

Galeano também publicou “Vagamundo” (1973); “A canção de nossa gente” (1975); “Dias e noites de amor e guerra” (1976); e “Os nascimentos” (1982), primeiro volume de sua trilogia “Memórias do fogo”.

Depois surgiram “O livro dos abraços” (1989); o romance ilustrado pelo brasileiro José Francisco Borges, “As palavras andantes” (1993); “Futebol ao sol e à sombra” (1995); “De pernas pro ar” (1998); “Bocas do tempo” (2004); e seus relatos “Espelhos. Uma história quase universal” (2008), publicados no ano seguinte que o escritor superou uma cirurgia por conta de um câncer de pulmão.

Galeano recebeu, entre outros reconhecimentos, o Prêmio “Casa das Américas” (1975) por seu romance “A canção de nós”; o mesmo prêmio na categoria Testemunho em 1977 por “Dias e noites de amor e de guerra”; o American Book (1991) por sua trilogia “Memórias do fogo”, entre outros.

O escritor foi membro do júri do Tribunal Permanente dos Povos (1988), que julga a política do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM).

O último ato público de importância no qual participou foi a inauguração da II Bienal do Livro de Brasília, em fevereiro de 2014.

Desde então suas aparições foram muito poucas, embora não deixou de escrever até o último momento e de mostrar suas opiniões políticas, de futebol ou literárias, quando eram requeridas.

“Há dores que se dizem calando. Se dizem calando, mas doem igual. Como nos dói a morte de Gabo García Márquez”, disse em 18 de abril do ano passado após a morte do escritor colombiano.

E pediu algo que seja possível aplicar agora com seu falecimento: “Então bebamos mais uma taça à saúde do saudável Gabo para rirmos juntos, porque seguirá sempre vivo em suas palavras…”. EFE

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