Em homenagem ao centenário do samba, Peruche pode sofrer com protesto político

  • Por Jovem Pan
  • 06/02/2016 23h58
SP - CARNAVAL-UNIDOS-PERUCHE - GERAL - Carnaval SP 2016. Desfile da escola de samba Unidos do Peruche válida pelo Grupo Especial, no Sambódromo do Anhembi em São Paulo (SP), neste sábado (06). 06/02/2016 - Foto: PETER LEONE/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Agência Estado A Unidos do Peruche lembro dos grandes sambistas da história para falar sobre o gênero musical

Abrindo a segunda noite do Carnaval paulistano, a Unidos do Peruche apresentou na avenida o enredo “Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba… 100 anos de samba, minha vida, minha raiz”. No desfile, a agremiação contou a história do samba, que completa seu centenário, no ano em que a escola chega aos seus 60 anos.

Fazendo uma grande declaração de amor ao samba, a agremiação fez referência à origem do samba. Na ala “Chegança”, a Peruche começa com a chegada dos africano ao Rio de Janeiro, onde teve início o samba como se conhece hoje, passando ainda pelos sambas inesquecíveis, grandes sambista e sambas-enredo.

Tocando em sucessos como “As Rosas Não Falam”, do Cartola e “Trem das Onze”, do Adoniran Barbosa, além de “O Bêbado e o Equilibrista”, do João Bosco, a escola ainda buscou falar sobre os assuntos cantados pelos grandes sambas. Incluindo a malandragem dos sambistas no começo do gênero.

A escola ainda falou do preconceito em relação ao samba, que ficou associado muitos anos justamente à malandragem, até o Brasil se tornar a “terra do samba e do pandeiro”. Um carro alegórico que chamou atenção foi o que homenageou Noel Rosa, Cartola e Adoniran, com esculturas grandiosas dos três artistas, que não deixaram de representar o estilo boêmio dos três artistas.

Entretanto, a Peruche pode ter se prejudicado com o protesto político de Ju Isen (conhecida como a Musa do Impeachment), destaque da escola que decidiu chamar atenção não só pelo samba. Depois de ter um tapa sexo com o escrito “fora, Dilma” vetado pela escola, ela tirou a fantasia no meio do desfile e ficou com os seios de fora. A musa causou tamanho alvoroço que foi retirada da passarela do samba pelo presidente da Liga. O tumulto foi em frente à cabine dos jurados e pode prejudicar a escola na hora da pontuação.

Em seguida, quem passou a chamar atenção foi a musa Carmen Miranda, que ajudou a desconstruir o preconceito contra o samba, levando o estilo ao redor do mundo.

“Ponha um pouco de amor numa cadência e vai ver que ninguém no mundo vence a beleza que tem o samba… 100 anos de samba, minha vida, minha raiz”

Firma o pandeiro e o tan tan

Tem samba até de manhã

E a nação perucheana faz a festa

O meu batuque ecoou, um lindo canto de amor

A filial chegou

Na ginga vem o povo negro

Celebrando a vida e a magia ancestral

Das bandas de Angola e do Congo

Batendo na palma da mão

Baianas abraçaram a tradição

Na Praça XI, o berço imortal

Herança dos terreiros de Iaiá

São batuqueiros que venceram preconceitos

A nobreza da cultura popular

Cavaquinho a tocar, sentimento no ar

É poesia eternizada em cada nota

O som que aflora é a cara do povo

“Aquarela” que pintou um mundo novo

Então, “Meu Brasil, Brasileiro”

É de bambas, celeiro

Nas ruas, vielas, a voz da favela

Acordes que trouxeram liberdade

Não marcam bobeira, a boemia e a malandragem

À luz da lua suas faces vão brilhar

E nos quintais, inspiração de um novo dia

Se tem o banjo e o repique, vamos sambar no Cacique

Fazer do enredo uma canção

Eu sou Peruche, “Não leve a mal”

“A grande campeã de Carnaval”

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