Mostra traz 21 filmes surrealistas tchecos para a capital paulista

A mostra Nouvelle Vague Tcheca – O Outro Lado da Europa – traz à capital paulista 21 longa-metragens produzidos nos anos 1960. “A grande característica da Nouvelle Vague Tcheca é o surrealismo. Essa influência veio da vanguarda dos anos 1920”, explica a curadora da mostra, Gabriela Linck sobre o cinema novo tcheco que poderá ser visto a partir da quarta-feira (19) no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro, e vai até o dia 3 de abril.

A preferência pelo universo onírico distancia essa produção da mais conhecida Nouvelle Vague Francesa. “Essa é a diferença entre ele [cinema tcheco] e a nova onda francesa ou os outros cinemas que são mais inspirados na nova onda francesa, mais ligados a uma estética realista, aquela estética mais voltada ao cinema verdade, ao cotidiano e as pessoas comuns”, explica Gabriela.

A publicação das obras de Franz Kafka, traduzidas para o tcheco, também tiveram, segundo a curadora, forte influência nesse modo de fazer cinema. No entanto, o universo ligado a sonhos e pesadelos se desenvolve de forma diferente em cada obra. “Tem um tipo que é um surrealismo mais estético, que tem monstros mesmo, em que esse pesadelo é externalizado na estética, na fantasia, no sangue, em vampiros”, pontua Gabriela ao fazer referência a Valerie e sua Semana de Deslumbramentos.

No filme, baseado em um livro com o mesmo nome, a jovem Valerie lida com o despertar da sexualidade durante o carnaval em uma pequena cidade de aspecto medieval. A adolescente passa a se imaginar como uma jovem rica e poderosa e sua avó como uma vampira. As imagens góticas são simbólicas e têm referências psicanalíticas sobre desejos e temores reprimidos.

Entre os diretores presentes na mostra, o mais conhecido é Miloš Forman, famoso por filmes como Um Estranho no Ninho. Gabriela disse que, no evento, será apresentada a primeira obra do cineasta, Pedro, o Negro.

Editor Marcos Chagas