B.B. King, vida longa ao "Rei do Blues"

  • Por Jovem Pan
  • 15/05/2015 07h55
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Agência EFE

A voz de B.B. King e o timbre de sua inseparável guitarra “Lucille” deixaram de soar nesta quinta-feira, mas seu legado de canções inesquecíveis deixa claro porque o artista será lembrado para sempre como o “Rei do Blues”.

Considerado um dos artistas mais influentes de todos os tempos, King, que morreu nesta quinta-feira aos 89 anos, se despede de uma carreira com 16 prêmios Grammy, mais de 50 discos e quase 60 anos sobre os palcos, tocando temas que marcaram época como: “Three O’Clock Blues”, “The Thrill Is Gone” e “When Love Comes to Town”, sua famosa parceria com os irlandeses do U2.

Entre os clássicos de um dos maiores guitarristas da história figuram também “Payin’ The Cost to Be the Boss”, “How Blue Can You Get”, “Everyday I Have the Blues” e “Why I Sing the Blues”, indispensáveis em seus shows, além de joias como “You Don’t Know Me”, “Please Love Me” e “You Upset Me Baby”.

B.B. King nunca deixou de cantar e levantar a bandeira do blues. Sempre esteve na estrada, próximo de seu público, exceto quando a saúde o impossibilitava, quase sempre por problemas relacionados com a diabetes de tipo 2 da qual sofria há mais de 20 anos.

Riley B. King, seu nome verdadeiro, nasceu no dia 16 de setembro de 1925 em uma área de cultivo de algodão próxima de Itta Bena, no estado do Mississipi. Ali mesmo, dedilhou seus primeiro acordes, até que em 1947 foi a Memphis para se lançar em uma carreira musical.

Memphis, uma comunidade musical que reunia todos os estilos da música afro-americana, era a Meca para a qual se dirigiam todos os músicos do sul. Lá, King teve a ajuda de seu primo Bukka White, um dos mestres do blues naquele período.

Sua apresentação no programa de rádio de Sonny Boy Williamson chamou a atenção dos especialistas e King logo fechou uma série de concertos no Sixteenth Avenue Grill e na estação WDIA, onde ficou conhecido pelo nome Beale Street Blues Boy.

Posteriormente, decidiu encurtá-lo para Blues Boy King e, finalmente, B.B. King.

Em meados da década de 1950, aconteceu um fato que marcaria para sempre a carreira do artista.

King fazia uma apresentação em Twist, no estado do Arkansas, quando alguns dos presentes se envolveram em uma briga, que acabou causando um incêndio no local. B.B. se apressou para sair do local, mas lembrou-se que tinha esquecido sua preciosa guitarra Gibson acústica de US$ 30, e não hesitou em desafiar as chamas para resgatá-la.

Depois, o músico soube que a confusão foi por causa de uma mulher chamada Lucille. Assim, decidiu batizar com esse nome todas as guitarras que o acompanharam ao longo de sua carreira.

O sucesso de “Three O’Clock Blues” o levou a fazer suas primeiras excursões pelos EUA, que sentariam as bases da carreira do músico de blues mais relevante e influente das últimas décadas e, especialmente, consolidariam o timbre tão característico e identificável que tirava das cordas de sua Gibson.

Com influências de Blind Lemon Jefferson e T-Bone Walker, entre outros, o ‘vibrato’, a precisão de sua pegada, sua sutileza e o domínio das pausas, as “dead notes”, transformaram o som de “King” em um componente fundamental do vocabulário musical, do qual beberam figuras como Eric Clapton, George Harrison e Jeff Beck e que o levou a entrar para o Rock and Roll Hall of Fame em 1987.

Esses ingredientes permitiram que B.B. King transitasse entre o blues, o swing e o pop mais comercial. “Quando canto, estou tocando em minha cabeça; assim que deixo de cantar com a voz, na realidade continuo ‘cantando’ através de Lucille”, revelou uma vez King.

Seu legado musical também teve continuidade com a inauguração de vários clubes de música com sua própria assinatura, sendo o B.B. King’s Blues Club de Beale Street, em Memphis, o primeiro a abrir suas portas em 1991.

King se casou em duas ocasiões. Primeiro, com Martha Lee Denton, entre 1946 e 1952, e depois, com Sue Carol Hall, de 1958 até 1966. O artista deixa 14 filhos e mais de 50 netos.

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