Portugal celebra 800 anos do nascimento oficial do idioma
Lisboa, 27 jun (EFE).- Um testamento do rei Alfonso II escrito em português certifica os 800 anos de existência do quarto idioma mais falado do mundo, uma data que Portugal celebra nesta sexta-feira como o nascimento oficial da “língua do mar”.
Com atos oficiais e a assinatura de um manifesto, políticos, escritores, intelectuais e jornalistas de oito países lembraram a história desta língua falada, atualmente, por cerca de 250 milhões de pessoas e que se expandiu por cinco continentes através das rotas marítimas do império português.
“Queremos celebrar uma das mais importantes línguas internacionais e contemporâneas em tempos de globalização”, afirmou hoje o deputado democrata-cristão português João Ribeiro Castro, um dos promotores das comemorações.
Castro ressaltou que o português é um “recurso fabuloso” e uma das ferramentas “mais valiosas” do país em tempos de crise e também para os demais Estados que falam o idioma.
“Não há melhor diplomacia econômica que a língua”, defendeu o político, que é um dos signatários do “Manifesto 2014 – 800 anos da Língua Portuguesa”, no qual chefes de Estado, políticos, escritores, músicos e jornalistas reivindicam a promoção do idioma.
Junto ao Monumento aos Descobrimentos, a alguns passos da sede da presidência de Portugal, são lembradas empresas marítimas da Coroa portuguesa que possibilitaram a divulgação da língua pelo Atlântico, Índico e Pacífico.
Políticos e intelectuais leram 16 poemas dos oito países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), e assistiram ao lançamento de 800 balões em comemoração aos oito séculos.
Além dos atos em Lisboa, 20 jornais de países africanos de língua portuguesa (Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial) se uniram à iniciativa com a publicação de textos comemorativos por ocasião da celebração.
O português – considerado o quarto idioma mais falado do mundo atrás do mandarim, espanhol e inglês – foi meio de comunicação comercial em países dos continentes que foram parte administrativa da Coroa lusa.
Segundo o Instituto Camões, organismo público que zela pela promoção da língua portuguesa e a cultura lusófona, o idioma é falado atualmente em ex-colônias de Portugal tão distantes quanto Goa (estado da Índia), Macau (China) ou Brasil, onde São Paulo é a cidade com mais falantes de português do planeta (15 milhões).
Atualmente, o português é idioma oficial em oito países e três continentes, do Timor do Leste, no sudeste asiático, até o Brasil, com seus quase 200 milhões de seus falantes.
Autoridades acadêmicas e institucionais fixaram a comemoração pela data do que é considerado o documento mais antigo escrito em português, o testamento do rei Alfonso II, o terceiro monarca luso que promoveu no século XII a consolidação administrativa do Reino de Portugal.
Com as palavras “Em nome de Deus” como encabeçamento e datado de 27 de junho de 1214, o texto expressa a maior preocupação do monarca depois que morresse: deixar nas mãos de sua mulher, a rainha dona Urraca de Castela, o futuro do reinado de Portugal.
Só duas cópias sobreviveram ao tempo. Uma delas está guarda nos arquivos da Catedral de Toledo e a outra permanece na caixa-forte da Biblioteca Nacional de Portugal, a Torre do Pombo.
As portas da instituição portuguesa também se abriram hoje para exibir o documento no qual aparece pela primeira vez uma estrutura gramatical portuguesa própria afastada do latim. Na mesma exposição, são mostrados outros dois textos datados de 1175 em que o latim aparece misturado a palavras “aportuguesadas”. EFE
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