Conheça Kaíke, mesatenista e citologista que superou deficiências para vencer

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2015 15h52
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O mesatenista Kaíke é um exemplo de vida que começou no esporte depois de se aposentar

Divulgação Kaíke

Está reclamando da vida? Se queixando de qualquer problema por menor que seja? Saiba que Luiz Henrique Medina, atualmente com 63 anos de idade, nasceu sem os dois antebraços, sem uma das pernas, sem o maxilar inferior, sem a língua e, mesmo assim, consegue falar perfeitamente. Ele utiliza a fala, inclusive, para contar seus feitos, que incluem três medalhas (ouro, prata e bronze) de Jogos Parapan-Americanos.

Provavelmente, muitas pessoas sequer ouviram falar de seu nome. Ele próprio prefere ser chamado de Kaíke, como todos o conhecem. Em entrevista a Fredy Junior, da Rádio Jovem Pan, o mesatenista deu mostras de todo seu bom humor e, sendo apenas a quarta pessoa do planeta a desenvolver a habilidade da fala sem possuir a língua, serve como um grandioso exemplo de superação.

“Eu fui abandonado quando criança. Nasci sem a perna esquerda, sem os dois braços, sem o maxilar, sem a língua e sem o dedão do pé. Fui abandonado provavelmente por causa disso. Eu fui criado no Lar Escola São Francisco, que é um centro de reabilitação. Agora se juntou à AACD. O tênis de mesa foi a partir de 2000, quando eu me aposentei. Eu trabalhava em um laboratório”, disse Kaíke. “Eu fiz mais de 40 cirurgias no meu corpo todo. Foi um longo processo até eu chegar onde estou hoje”.

No tênis de mesa há 15 anos, Kaíke é especialista no estudo das células e começou a praticar a modalidade somente depois de se aposentar.

“Foi uma surpresa muito grande. Eu já conhecia o meu potencial, mas eu mesmo me surpreendi pela minha agilidade física, mental, para poder competir no tênis de mesa. O esporte usa raciocínio rápido, usa o corpo”, afirmou.

Kaíke vai participar dos Jogos Parapan-Americanos de 2015, no Canadá, mas ele admite que disputar as Paralímpiadas do Rio de Janeiro ainda é um sonho distante.

“O Parapan, no Canadá, eu vou participar. Eu consegui passar na seletiva, então em agosto agora estarei embarcando para Toronto. A expectativa, com certeza, é conseguir uma medalha. Estou trabalhando todo dia para conseguir. Agora, na Paralimpíada, já é mais difícil, porque tem que ser pelo ranking. Para eu estar em 12º lugar no mundo, eu precisaria que viajar para seis ou sete países. E eu não tenho recursos”, prosseguiu.

Sobre as complicações de iniciar no tênis de mesa sem ter os antebraços, Kaíke explicou que, para jogar, ele prende a raquete com velcro no braço, mas confessou ter sofrido muito no início.

“No começo foi difícil, mas quando a pessoa quer alguma coisa, ela consegue. Se ela realmente insistir, ela consegue tudo”, destacou.

Kaíke admite ser bem-humorado desde sempre e ele tem a capacidade de transformar situações embaraçosas em engraçadas.

“Eu participo com atletas paralímpicos e olímpicos. Uma vez fui jogar em um campeonato, ganhei de uma pessoa normal. No outro campeonato, essa mesma pessoa me falou: ‘Kaíke, você me fez passar vergonha. Perguntei o que tinha havido. Ele disse: ‘sabe aquela vez quando você ganhou de mim? Eu cheguei em casa e contei para minha esposa que perdi para uma pessoa que não tem os dois braços e uma perna. Aí minha esposa disse: ‘você ainda insiste em jogar?’”, contou o mesatenista.

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