Conmebol se posiciona contra Copa do Mundo a cada 2 anos: ‘Não há justificativa para isso’
Em comunicado emitido nesta sexta-feira, 10, a Confederação Sul-Americana elencou motivos para recusar o modelo, aprovado por 166 associações nacionais em estudo promovido pela Fifa, em maio deste ano
A Conmebol e Uefa, entidades que regem o futebol na América do Sul e na Europa, respectivamente, se manifestaram contra a ideia da Fifa em realizar a Copa do Mundo a cada dois anos. Em comunicado emitido nesta sexta-feira, 10, a Confederação Sul-Americana elencou motivos para recusar o possível modelo, citando uma “distorção da competição de futebol mais importante do planeta” e sobrecarga no calendário do futebol. “Uma Copa do Mundo a cada dois anos pode distorcer a competição de futebol mais importante do planeta, rebaixando sua qualidade e prejudicando seu caráter exclusivo e seus atuais padrões exigentes. A Copa do Mundo é um evento que atrai a atenção e a expectativa de bilhões de pessoas porque representa o ápice de um processo de eliminação que dura quatro anos e tem dinâmica e apelo próprios”, diz a nota.
“Representaria uma sobrecarga praticamente impossível de administrar no calendário de competições internacionais. Nas condições atuais, já é complexo harmonizar horários, logística, preparação adequada de equipamentos e compromissos. A situação seria extremamente difícil com a mudança proposta. A ideia da Copa do Mundo é reunir os jogadores de futebol mais talentosos, os treinadores mais destacados e os árbitros mais treinados para determinar em uma competição justa qual é o melhor time do planeta. Isso não pode ser alcançado sem uma preparação adequada, sem equipes desenvolvendo suas habilidades e técnicos desenhando e implementando estratégias. Tudo isso se traduz em tempo, treinos, planejamento, jogos. A Conmebol defende a busca pela excelência no campo do jogo e está comprometida com eventos cada vez mais competitivos e da mais alta qualidade. Não há justificativa esportiva para encurtar o intervalo entre as Copas do Mundo”, complementa a Conmebol, que pede diálogo para discutir a mudança.
Já Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, detonou a ideia, ameaçando tirar as seleções europeias caso haja a mudança. “Podemos decidir não disputar. Pelo que sei, os sul-americanos sentem o mesmo. Por isso, boa sorte com um Mundial desses. Penso que nunca irá acontecer, dado que vai contra os princípios básicos do futebol. Jogar, todos os verões (europeus), um torneio de um mês iria matar os jogadores”, afirmou. “Se for de dois em dois anos, irá coincidir com o Mundial feminino e com o torneio olímpico de futebol. O valor da competição vem do fato de se realizar a cada quatro anos. Espero que ganhem noção, porque não vejo a abordagem apropriada de consultar todos menos as confederações, de não falar conosco. Não se encontraram conosco, não nos ligaram, não nos escreveram uma carta, nada. Só leio na comunicação social”, completou.
Apesar das negativas, a possibilidade de realização da Copa do Mundo a cada dois anos está cada vez mais real. Em maio a Fifa realizou um estudo no Congresso anual e a proposta foi aprovada por 166 associações nacionais, apenas 22 votaram contra. A ideia é que o Mundial masculino e feminino tenha intervalo menor de realização. “O valor da Copa é justamente porque acontece a cada quatro anos, é preciso esperar por ela, como os Jogos Olímpicos. É um evento grandioso. Não vejo nossas federações apoiando isso”, concluiu Ceferin. Do outro lado, nomes como Ronaldo Fenômeno, Peter Schmeichel e Tim Cahill já mostraram apoio ao novo modelo.
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