Injusto? Corinthians explica por que reduziu mais salários de funcionários do que de jogadores

  • Por Jovem Pan
  • 04/05/2020 10h49 - Atualizado em 04/05/2020 10h52
Peter Leone/O Fotográfico/Estadão Conteúdo Andrés Sanchez é o atual presidente do Corinthians

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o diretor financeiro do Corinthians, Matias Romano Ávila, comentou sobre a situação do clube durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Questionado se as medidas adotadas até o momento, de cortes salariais, seriam suficientes para o Timão sobreviver à crise, o dirigente foi sincero.

“A gente não sabe”, respondeu. “No fundo, todo mundo sabe como entrou na crise, mas não sabe como vai sair. Nem as empresas, nem os clubes, ninguém. A gente não sabe quanto tempo dura. É um momento de análise, de parcimônia, de reflexão. Todo mundo está renegociando tudo: patrocínio, aluguel, emprego. O Corinthians fez a opção de preservar emprego, está aplicando as leis que foram anunciadas para não precisar demitir”, afirmou.

O Corinthians anunciou na semana passada a redução salarial de jogadores, membros da comissão técnica e funcionários do clube. No entanto, houve corte de 25% nos vencimentos dos atletas – tanto do elenco profissional, quanto das categorias e do time feminino – e de 70% nos salários dos membros da comissão técnica e demais funcionários.

Criticado por causa da discrepância nas reduções, Ávila justificou que “as legislações são diferentes”. Ele ressaltou que, por causa da ajuda do governo federal, todos os funcionários que ganham até R$ 3 mil não terão descontos. “Em princípio, a legislação dos funcionários do clube é normal, como de uma empresa qualquer. E a legislação do jogador é uma legislação específica. Estamos fazendo o que podemos fazer. Por isso é diferente, só isso”, explicou.

“O que cortamos foram benefícios que foram dados por deliberalidade, como bolsas, ajudas de custos, que não têm contrato. Quando bate, quando pega, você tem que atuar em todas as frentes, certo? O que estamos fazendo é uma coisa para sobrevivência, precisamos passar essa fase de transição. Quando você tem uma empresa e paga aluguel, vai negociar um pagamento menor. Com funcionários, ou você demite ou reduz. Eu acho que é melhor reduzir do que demitir”, acrescentou.

Questionado se não era possível reduzir uma parcela maior do salário dos jogadores para não precisar cortar 70% dos vencimentos dos outros funcionários, Ávila respondeu: “claro que era possível. Mas estamos fazendo o que é possível no atual momento. Se dura mais três ou quatro meses (a paralisação), tem que mexer novamente. Como a gente não quer mexer muitas vezes e quer fazer uma coisa muito clara e transparente, foi o que era possível no atual momento. A gente demorou até um pouco para fazer para não fazer muitas vezes. Poderia ter cortado muito mais, 50%, 70%… O Barcelona cortou 70%”, afirmou.

O Barcelona cortou 70% por iniciativa dos próprios jogadores, mas os atletas do Arsenal, por exemplo, não quiseram cortar nada. Depende muito da negociação, da proximidade e da possibilidade, os jogadores também têm compromissos, adquirem bens parcelados, compras de bens, enfim. Outra coisa que é muito importante: funcionário do clube muitas vezes entra lá e fica a vida toda, até se aposentar. O jogador tem a vida mais curta. A gente não quer prejudicar ninguém, estamos procurando fazer o que era possível”, finalizou.

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