Fifa pode mudar futuro do futebol mundial em 2019

  • Por Jovem Pan
  • 07/01/2019 08h44
Aitor Pereira/EFE Infantino Infantino pode mudar a Copa do Mundo e o Mundial de Clubes

Existe a possibilidade real de 2019 entrar para história como “o ano que mudou a organização do futebol”. Isso porque, em breve, a Fifa pode tomar decisões que vão alterar a forma como o esporte é visto atualmente. E além do futuro do futebol, também estará em jogo muita política, com a possível reeleição do presidente da entidade, Gianni Infantino. Boa parte das mudanças tem a ver com a campanha dele, que busca agradar clubes, federações, patrocinadores, lobistas, advogados e investidores multibilionários.

No centro do debate está a proposta de vender a Copa do Mundo para investidores privados, liderados por um consórcio obscuro que propôs um retorno para os dirigentes de US$ 25 bilhões (aproximadamente R$ 93 bilhões), cinco vezes a receita atual do Mundial. O plano prevê abrir o monopólio hoje mantido pela Fifa para abrir a Copa para fundos de investimentos, com 50% das ações não mãos de bancos e outras entidades. A suspeita é de que o projeto conte, acima de tudo, com recursos do fundo soberano saudita. Apenas em 2018, Infantino se reuniu três vezes com a realeza do país árabe.

Diante da resistência de dirigentes europeus à possibilidade de um controle saudita no futebol, Infantino foi obrigado a dar garantias de que o dinheiro não viria do fundo de Riad e adiou o debate sobre a aprovação.

Ainda assim, cartolas mantêm a suspeita de que as várias camadas de investidores apresentados estejam servindo para camuflar a verdadeira origem dos recursos sauditas. A decisão ocorre em um momento em que o príncipe herdeiro saudita, Mohamed Bin Salman, tem sua imagem no exterior duramente afetada por conta da morte de um jornalista crítico ao regime.

Além da Copa do Mundo, o pacote marcado pela pouca transparência incluiria a criação de um Mundial de Clubes a cada quatro anos, substituindo o atual modelo falido do torneio no final de cada ano e substituindo a Copa das Confederações.

Fontes na Uefa confirmaram que existe uma coincidência de interesses: clubes se recusam a aceitar o projeto de um Mundial a cada quatro anos, sem uma clara garantia financeira. Já a Uefa vê a aliança com os clubes como uma manobra para derrubar projetos de Infantino e, assim, o enfraquecer.

Infantino voltou a pressionar o Catar para ampliar o Mundial de 2022 de 36 para 48 seleções. A mudança já está garantida para 2026. Mas não o daria os votos necessários para 2019.

Ali, o desafio vai muito além das quatro linhas. Menor sede da história das Copas, o Catar precisaria ampliar o Mundial para outros países para que o projeto seja viável. O problema é que o minúsculo país do Oriente Médio vive um embargo por parte de seus vizinhos, que o acusam de financiar o terrorismo e tentar desestabilizar a região.

Nesta semana, falado em um evento em Dubai, Infantino afirmou que a possibilidade de levar o Mundial para outros países árabes estava sendo debatida. “Se podemos aumentar a Copa para 48 seleções e fazer o mundo mais feliz, deveríamos tentar”, disse. Se o projeto incluindo sauditas e os governos dos Emirados Árabes Unidas e Bahrein não for consolidado, não se exclui levar algumas das partidas para Omã, Irã ou Turquia.

Em duas semanas, a Fifa começará a tomar decisões. Uma reunião no Marrocos tem como objetivo apresentar desenho inicial do que seria um acordo. Já em março, num encontro planeado para ocorrer nos Estados Unidos, a Fifa espera bater o martelo sobre o que será o futuro do futebol.

Mas um dos dirigentes convocados para o encontro confirmou à reportagem que não prevê uma decisão fácil. “O que está em jogo é o futuro do esporte mais popular do planeta”.

Com Estadão Conteúdo

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.