Com crise diplomática no Catar, Fifa deve adiar plano de ter Copa com 48 seleções

  • Por Estadão Conteúdo
  • 10/06/2018 13h46
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EFE/Ennio Leanza EFE/Ennio Leanza O impasse político na região e questões legais barraram a ideia

O isolamento diplomático do Catar, por decisão dos países vizinhos, pode frustrar a tentativa da Fifa de ampliar a Copa do Mundo de 2022 para 48 seleções e garantir um incremento imediato de sua renda em US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,7 bilhões).

A reportagem do Estado apurou que, durante uma reunião do Conselho da Fifa em Moscou, neste domingo, a ideia era de que houvesse um debate sobre o futuro da Copa no Catar. O Congresso da entidade, com 209 membros, votaria uma iniciativa na quarta-feira para que fosse estudada a viabilidade de um torneio com 48 seleções. A proposta havia sido apresentada pela Conmebol

Mas o impasse político na região e questões legais barraram a ideia. Oficialmente, no lugar de levar o caso ao debate público, a administração da Fifa vai primeiro conversar com o Catar e examinar como colocar 80 jogos em um dos menores países do mundo

Três dirigentes que participaram do encontro, porém, revelaram ao Estado na condição de anonimato que a proposta estava na prática encerrada. “Vamos cumprir tabela apenas”, comentou um deles. Na prática, a Fifa vai realizar as consultas e, no segundo semestre, informar que chegou à conclusão de que a expansão será inviável.

O Catar, que estava na reunião, chegou a dizer que passou os últimos oito anos se preparando para sediar uma Copa de 36 seleções e que dificilmente teria espaço para 48.

A opção, portanto, seria levar o torneio para a região, com jogos no Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã e outros lugares na região. Mas, com a política regional de abafar a influência do Catar e minar seu poder de atuação no Oriente Médio, os vizinhos passaram a impor bloqueios e embargos contra Doha. Dirigentes da Fifa, nos bastidores, viajaram para a região para tentar superar os obstáculos políticos. Mas sem sucesso.

Há poucas semanas, um comentário de um general dos Emirados Árabes, Dhahi Khalfan, deixou claro o objetivo do embargo. “Se a Copa do Mundo deixar o Catar, a crise vai desaparecer”, disse. “Ela foi criada para romper com o Mundial”, prometeu. Para a consultoria Cornerstone Global, existiria um “risco real de que o Catar não seja a sede da Copa de 2022”. “Dada a situação política atual, é possível que o torneio não ocorra no Catar”, completou.

Outro obstáculo seria legal. A Fifa teme que concorrentes que perderam a corrida por sediar a Copa de 2022 questionem nos tribunais a mudança do formato do Mundial, alegando que as regras do acordo mudaram depois de a sede ter sido atribuída.

O próprio presidente da Fifa, Gianni Infantino, já se mostrou hesitante. “No momento, a Copa terá 32 times. Mas decidimos que a administração vai falar com o Catar. Talvez seja prematuro levar o assunto ao Congresso. Vamos estudar primeiro” disse. “A pré-condição é que o Catar aceite”, insistiu.

Para sediar 80 jogos, Infantino acredita que o Catar terá de contar com doze a 14 estádios. Hoje, ele conta com oito. “É prematuro falar em uma ampliação”, disse, apontando que essa decisão precisa sair até meados de 2019. Questionado se haveria uma chance de uma Copa regional, ele foi evasivo. Mas insistiu que a rejeição da proposta não poderia ser considerada como uma derrota pessoal sua.

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