Jogadoras venezuelanas acusam ex-técnico da seleção de abuso sexual

Nota assinada por 23 atletas foi publicada pela capitã, Deyna Castellanos, nas redes sociais revelando os abusos de Kenneth Zseremeta

  • Por Jovem Pan
  • 06/10/2021 00h43
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Reprodução/ Instagram Deyna Castellanos Deyna Castellanos, capitã da seleção da venezuela Deyna publicou uma carta de todas as atletas em suas redes sociais

Um grupo de 24 jogadoras de futebol denunciou nesta terça-feira, 5, o panamenho Kenneth Zseremeta, ex-técnico da seleção da Venezuela, de ter abusado sexualmente de uma delas, além de tê-las submetido a assédio físico e psicológico. “Nós, jogadoras da seleção venezuelana de diferentes etapas, decidimos quebrar o silêncio para evitar que as situações de abuso e assédio físico, psicológico e sexual causadas pelo treinador de futebol Kenneth Zseremeta façam mais vítimas no futebol feminino e no mundo”, diz um comunicado divulgado pela atacante Deyna Castellanos, que atua pelo Atlético de Madrid, da Espanha. Segundo a nota, ‘de 2013 a 2017 ocorreram inúmeros incidentes envolvendo o técnico Zseremeta, sendo os mais comuns os abusos físicos e psicológicos durante as sessões de treinamento’. “Muitas de nós permanecem com traumas e feridas mentais que nos acompanham em nossa vida diária”, disseram as atletas.

No texto, elas também contam que, em 2020, uma delas “confessou que havia sido abusada sexualmente desde os 14 anos de idade pelo treinador”, algo que “durou até ele ser demitido”, em 2017. “Para todas nós, tem sido muito difícil de assimilar, na medida em que muitas nos sentimos culpadas por termos ficado tão perto de tudo isso e não termos percebido algo tão sério e punível”, acrescentaram. Ainda de acordo com as jogadoras, o caso não as surpreendeu, “porque esse era o tipo de atmosfera que o treinador cultivava diariamente”. “Temos procurado diferentes soluções para poder fazer uma reivindicação judicial, mas, por diferentes razões, tem sido muito difícil para nós. Por este motivo, decidimos omitir o nome de nossa colega para respeitar sua privacidade e, acima de tudo, a estrutura judicial desta queixa”, afirmaram.

Elas também disseram que, “como resultado desta confissão”, várias jogadoras “expressaram experiências de assédio, tanto por telefone como por perguntas e convites inapropriados, subornos para permanecer na seleção nacional, presentes fora de contexto, massagens e situações diferentes que, definitivamente, não eram normais”. As 24 atletas enfatizaram que, “embora pareça loucura”, era “normal” para elas que o treinador, atualmente com 55 anos, “opinasse, comentasse e perguntasse sobre nossa sexualidade e intimidade, apesar de sermos menores de idade”.

Atletas afirmam que situação era sustentava pela comissão técnica

“Muitas dessas situações foram apoiadas por alguns membros da comissão técnica. Hoje entendemos que estas ações foram feitas para nos manipular e fazer com que nos sentíssemos culpadas. As jogadoras LGBTI eram constantemente questionadas por causa de sua orientação sexual, e o assédio a jogadoras heterossexuais era constante”, ressaltaram. Houve também “ameaças e manipulações de contar aos pais das jogadoras sobre sua orientação sexual se elas não fossem disciplinadas ou rendessem o esperado”. “As insinuações sexuais eram uma ocorrência diária, assim como os comentários sobre a atratividade física de muitas de nossas jogadoras”, acrescentaram.

As jogadoras também denunciaram que a situação não foi vivida apenas por elas, mas que “tanto nos escalões executivo e de comissão técnica estas situações também existiam”, com o treinador as manipulando para que todos ao seu redor pensassem que “eram pessoas ruins e que ele era o único que estava procurando” pelo bem geral. “Era um conflito constante devido a seu pouco profissionalismo e mitomania. Infelizmente, os resultados gerados por nosso talento o mantiveram em uma boa posição. Nunca sentimos que tínhamos as ferramentas para falar e sermos respeitadas, pois a influência e o poder desta pessoa em nossas vidas era autoritário”, enfatizaram.

Além de Castellanos, assinaram o documento Lourdes Moreno, Gabriela García, María Gabriela García, Hilary Vergara, Sandra Luzardo, Michelle Romero, Fatima Lobo, Franyely Rodríguez Nikol González, Camila Pescatore, Daniuksa Rodríguez, Yuliana Caile, Alexandra Canaguacan, Génesis Flores, Alexa Castro, Yohanli Mujica, Bárbara Serrano, Tahicelis Marcano, Heliamar Alvarado, Yailyn Medina, Nathalie Pasquel, Icéis Briceño e Dayana Rodríguez.

*Com informações da EFE

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