Paulistão será reiniciado sob risco de enxurrada de processos trabalhistas

Paralisado desde março, Paulistão será retomado na próxima quarta-feira (22) com jogos válidos pela 11ª rodada da fase de grupos

  • Por Jovem Pan
  • 21/07/2020 08h31 - Atualizado em 21/07/2020 08h33
Guilherme Dionízio/Estadão Conteúdo Everson pediu a rescisão contratual do Santos

O Campeonato Paulista recomeça, na próxima quarta-feira (22), com elencos enfraquecidos, clubes com dificuldades financeiras e o risco de ações trabalhistas. Um dos exemplos deste impacto é o Santos. Somente nos últimos dias o goleiro Everson e o atacante Eduardo Sasha entraram na Justiça para se desvincular da equipe por acumularem meses de atraso salarial, uma situação que por causa da pandemia pode se tornar ainda mais comum entre os times. A Lei Pelé permite que os jogadores encerrem o contrato em vigor com o clube caso exista um atraso salarial total ou em parte de pelo menos três meses. Essa condição permitiu aos dois santistas se movimentarem para procurarem outra equipe. O Santos, até o momento, ainda não se manifestou sobre o tema. Há o risco de mais jogadores do elenco pedirem para sair. E a situação de atrasos se repete também em outros grandes do futebol paulista: Corinthians e São Paulo.

Os efeitos econômicos da pandemia e a política dos times em reduzir os salários deve fazer com que casos parecidos ao do Santos apareçam. “Nós já temos informações de times que não fizeram reduções salariais ou suspensão contratual da maneira correta, mas sim em um processo atropelado, só com um comum acordo entre as partes e sem encaminhar nada ao governo”, avisou o advogado do Sindicato de Atletas de São Paulo (Sapesp), Guilherme Martorelli, em entrevista ao Estadão. Para outro advogado, o especialista em direito desportivo Higor Bellini, os clubes devem ter mais problemas trabalhistas com jogadores por terem deixado muitas brechas nos acordos costurados durante a pandemia. “A redução salarial deveria ser no mínimo proporcional à redução da carga de trabalho, mas não foi porque a maioria dos atletas, teve de continuar a trabalhar de casa”, disse. “Os atletas vão perceber que não os únicos a entrar com a ação trabalhista, e não sendo o primeiro caso, o impacto junto às torcidas será menor. Isso retira o receio de acionar a Justiça”, explicou.

O Corinthians também admitiu ter passado por problemas financeiros com o elenco. São três meses de atraso. No entanto, o presidente do clube, Andrés Sanchez, garante que vai conseguir quitar as pendências. “O problema é a falta de fluxo de caixa. Adiantaram cotas de televisão e tudo isso tem de começar a pagar A dívida é problema, déficit é problema, mas não é que o Corinthians vai fechar amanhã ou está falido”, afirmou. O São Paulo, por sua vez, reduziu salários dos jogadores em até 50% na pandemia e ainda sofreu com alguns atrasos no pagamento dos direitos de imagem. Mas a diretoria e os jogadores devem se acertar. “Não é uma questão que nos preocupa (o atraso), nunca nos preocupou, mas agora a gente se confirma que não preocupa. Provavelmente na semana que vem nós vamos terminar de formatar esse acordo, que com certeza será muito bom para o São Paulo e muito bom para os jogadores”, disse o gerente executivo de futebol do São Paulo, Alexandre Pássaro, ao canal do YouTube Arnaldo e Tironi.

ELENCOS ENFRAQUECIDOS

A interrupção do calendário só trouxe baixas para os times. Se o Santos perdeu jogadores por questões salariais, os outros times perderam peças por causas de negociações. A principal delas foi no Palmeiras. O atacante Dudu acertou com o Al Duhail, do Catar, e será uma grande perda para o técnico Vanderlei Luxemburgo. “Isso vai surgir naturalmente (um substituto). Alguém vai chamar a responsabilidade para o jogo, porque será preciso dar a cara para fora. Às vezes quem era mais acanhado vai querer aparecer mais”, comentou o técnico palmeirense. O São Paulo se despediu de outra peça importante no elenco. Antony saiu rumo ao Ajax, da Holanda, que pagou recentemente cerca de R$ 55 milhões pela primeira parcela da compra.

Durante a paralisação do torneio, o técnico Tiago Nunes, do Corinthians, viu uma peça importante se despedir: o meia Pedrinho. A mais recente perda do Corinthians foi zagueiro Pedro Henrique. O defensor foi vendido ao Athletico-PR por R$ 6,1 milhões. Pelo menos coube ao clube conseguir a contratação mais importante do futebol paulista neste período. O atacante Jô retornou depois de passagem pelo futebol japonês.

*Com Estadão Conteúdo

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